• Amigo de Lula diz que ela queria ‘construtora de verdade’ na obra
Cleide Carvalho - O Globo
-SÃO PAULO- O pecuarista José Carlos Bumlai afirmou ontem em depoimento à Polícia Federal, em São Paulo, que sua ajuda nas obras do sítio de Atibaia foi pedida por Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e encerrada com um telefonema de Aurélio Pimentel, segurança da então primeira-dama. Segundo Bumlai, Pimentel lhe disse que dona Marisa estava irritada com a lentidão da obra e queria que os serviços fossem feitos por uma “construtora de verdade”.
Bumlai disse que o pedido para que ajudasse na obra do sítio partiu da própria Marisa, em 2010, conforme antecipou O GLOBO em sua edição de ontem. De acordo com Bumlai, dona Marisa queria que as obras ficassem prontas rapidamente para que o sítio pudesse abrigar parte da mudança do casal de Brasília para São Paulo, ao fim do mandato presidencial. Ele disse aos delegados que não foi informado sobre quem passaria a comandar a reforma.
O depoimento durou menos de uma hora. Ao sair da Polícia Federal, Bumlai se mostrou cansado e abatido. Por determinação do juiz Sérgio Moro, ele deve retornar à prisão dia 23, após cinco meses em prisão domiciliar devido ao tratamento de um câncer na bexiga. A defesa impetrou habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar mudar a decisão.
Segundo as investigações, a obra de ampliação da casa e reforma da piscina foi feita por funcionários da Odebrecht, que chegaram a trabalhar uniformizados. A OAS se encarregou de parte dos serviços, como a contenção da represa e a reforma da cozinha, que tinha infiltrações, instalando móveis planejados. Em depoimento de delação premiada, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro também deve confirmar que fez os serviços pela amizade que tinha com Lula. Os serviços da OAS foram feitos após o petista ter deixado a Presidência.
Depoimento de segurança
Em março, o segurança Aurélio Pimentel disse em depoimento à Polícia Federal que dona Marisa lhe pediu para acompanhar as obras do sítio, onde seriam guardados presentes que Lula recebeu nos dois mandatos. Assim como Bumlai, o segurança também afirmou que soube apenas que o sítio pertencia a Fernando Bittar, amigo da família.
Recibos relativos a gastos na obra do sítio foram apreendidos pela Polícia Federal no apartamento de Lula, em São Bernardo do Campo. Também foi apreendida a nota fiscal da compra de uma porta de madeira de correr, que foi entregue em Atibaia. Para a Polícia Federal, Bumlai disse que pagou do próprio bolso cerca de R$ 38 mil na reforma do sítio.
Dona Marisa não compareceu para depor na Polícia Federal sobre o sítio, na última terça-feira. Os advogados reuniram a imprensa para explicar que ela nada mais fez do que exercer um direito garantido Os advogados afirmam que a investigação já deveria ter sido encerrada, pois Jonas Suassuna e Fernando Bittar já comprovaram ser donos da propriedade.
Em nota enviada ontem à imprensa, os advogados da família Lula afirmaram que a Lava-Jato não pode ter dúvidas sobre a propriedade do sítio, pois os seus donos comprovaram pagamentos pela manutenção e reformas feitas no local. Reafirmou que Lula é amigo da família Bittar há 40 anos e que, a convite, frequentou o local a partir de 2011.
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