Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Após a demonstração de uma certa desconfiança com os rumos que o presidente interino, Michel Temer, poderia dar ao seu governo passado o impeachment de Dilma Rousseff, a cúpula do PSDB foi tranquilizada pelo peemedebista nesta quarta (17).
De acordo com o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), Temer assegurou que apresentará uma agenda "ousada e corajosa" assim que for efetivado no cargo. Em um jantar realizado nesta noite no Palácio do Jaburu, Temer conversou também com o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), o líder da sigla na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), e o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).
"O presidente não tem a possibilidade de errar de agora em diante. Nós apresentamos a ele os mesmos temas que já tínhamos apresentado, de reformas estruturais no País. O que nós ouvimos do presidente Michel e de alguns dos seus principais assessores, é que ele tem absoluta disposição de inaugurar na semana que vem um tempo novo em seu governo, onde a agenda de reformas seja clara e o governo como um todo, não apenas o PSDB ou alguns dos aliados, lute por ela. Uma agenda que vai recuperar o País", afirmou Aécio após o encontro.
Além dos parlamentares, participaram também do encontro o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o secretário do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco.
Uma das principais reclamações dos tucanos até agora era a visão de que, principalmente a área econômica do governo, estaria sucumbindo a uma pauta "eleitoral", com o maior sintoma disso demonstrado nas concessões que Temer tem feito a determinadas categorias em detrimento do ajuste fiscal.
Sobre o assunto, Aécio afirmou que a sigla "compreende que a interinidade traz certos limites ao governo" mas repetiu que os sinais não podem ser ambíguos. "Os sinais não podem ser ambíguos, tem que ser claros no sentido das reformas e para isso ele contará com o apoio, a lealdade e o entusiasmo do PSDB", disse.
Uma das reformas que deverá ser apresentada por Temer é a da Previdência. Segundo Aécio, Temer pretende apresentá-la ao Congresso nas próximas semanas. "Ele está tendo oportunidade única e eu acredito que tudo o que ele nos disse hoje, ele tem condições, com nosso apoio e da sociedade, de colocar em prática. O governo deve ter compromisso com a História, não com novas eleições", reiterou.
Questionado sobre se Temer falou sobre a reforma ministerial que pretende fazer ainda em setembro, Aécio afirmou que ele "não tocou nesse assunto". "É natural que, após o impeachment, ele se sinta muito confortável para trabalhar numa agenda que iniba os gastos públicos, que reorganize o estado, que qualifique os gastos públicos e que o Brasil precisa de reformas e que não serão feitas com facilidades, mas terão o apoio daqueles que querem que o Brasil saia do abismo no qual o governo do PT nos mergulhou", disse.
Impeachment
Ainda de acordo com Aécio, Temer fará um pronunciamento à nação assim que o Senado confirmar a saída definitiva da presidente afastada, Dilma Rousseff. Isso deve acontecer entre os dias 30 e 31 de agosto. Apesar de ter ficado insatisfeito com o calendário, Temer não pediu a antecipação do final do julgamento aos tucanos, segundo informou Aécio.
"Ele está absolutamente tranquilo sobre isso e nós também. Nós estamos começando o jogo no segundo tempo, não temos tempo a perder. Ele nos tranquilizou hoje e nos deu garantia que, aqueles temas que foram colocados pelo PSDB e são demandas da sociedade, as reformas estruturais, estarão, inclusive, num pronunciamento que ele fará à Nação logo após ser confirmado definitivamente como presidente", disse.
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