Por Bruno Peres, Thiago Resende e Vandson Lima - Valor Econômico
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto busca desfazer ruídos na relação com o PSDB e espera afinar o entendimento entre governo e tucanos quanto à condução das propostas de ajuste fiscal sob a figura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
A estratégia ocorre em meio à desconfiança do PSDB quanto às pretensões eleitorais não só de Meirelles mas do próprio presidente interino, Michel Temer, que nega publicamente a intenção de concorrer à reeleição.
O esforço de Michel Temer para manter firme a aliança com o PSDB inclui um jantar oferecido ontem a convidados do partido no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência. O encontro foi precedido de uma reunião em separado do presidente interino com o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB.
Ontem o senador tucano classificou o encontro como "natural" e disse que não se nega um convite de presidente para conversar e "afinar as coisas".
Aécio afirmou que as críticas do partido à condução do ajuste fiscal são "alertas" que devem ser entendidos como "extraordinária contribuição" às medidas propostas pelo governo para que sejam cumpridas, segundo disse, "expectativas" criadas a partir do afastamento de Dilma Rousseff do poder.
O senador disse ainda que a partir da confirmação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, Temer terá "melhores condições" de liderar reformas de que o país necessita.
O tucano disse que cabe ao presidente da República "comandar o seu time", inclusive o ministro da Fazenda. Meirelles é apontado como um nome a concorrer à sucessão presidencial, inclusive pelos quadros do PMDB - atualmente o ministro está filiado ao PSD, do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab.
O Palácio do Planalto se preocupou quando, logo após duro discurso do senador José Aníbal (PSDB-SP) contra a condução do ajuste fiscal em curso, Aécio disse que havia uma "perda de tempo precioso" no combate à crise. Aécio fez referência a recuos do governo em propostas do ajuste fiscal para evitar se indispor com categorias do funcionalismo público.
Já a reação mais dura do Palácio do Planalto às críticas originadas no PSDB coube ao secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, próximo a Temer, ao afirmar que Meirelles é vítima de "manipulação eleitoral" que visa enfraquecê-lo, inviabilizando eventual candidatura futura nas eleições de 2018.
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