segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Serra vê cenário favorável para a queda da taxa de juros no Brasil

• Em reunião do Brics, Temer diz que economia começa a entrar nos trilhos

Gabriela Valente - O Globo

GOA (INDIA) - Dias antes de o Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) decidir o que fazer com os juros, que estão em 14,25% há mais de um ano, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou que as condições atuais dão suporte para haver corte de juros. Durante a cúpula dos Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que terminou ontem na Índia, ao ser questionado se a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos poderia acelerar a redução dos juros, Serra disse que sim:

— Eu acho que cabe, sim, redução dos juros nos próximos meses. Vai acontecer isso, dada as condições atuais da redução da inflação — avaliou o ministro, lembrando que os preços estão desacelerando, com a gasolina esta semana.

Já o presidente Michel Temer fez um discurso incisivo para a atração de investimentos em encontro paralelo a cúpula do Brics, com a presença de empresários. Disse a eles que encontrarão no Brasil um país com estabilidade política, respeito aos contratos e grande mercado consumidor. Sem fazer referência ao governo passado, ressaltou que as agências reguladoras brasileiras voltaram a funcionar e que o governo está empenhado em promover reformas que trarão de volta crescimento e emprego.

Numa reunião restrita dos líderes do Brics, Temer afirmou que o caminho para o Brasil sair da recessão está traçado e inclui a responsabilidade fiscal. E que o país começou a colher frutos das mudanças feitas e já “entra nos trilhos":

— Responsabilidade fiscal é, para nós, um dever maior e tarefa urgente. É dever maior porque, sem ela, põem-se em risco os avanços sociais do Brasil. É tarefa urgente porque o desarranjo das contas públicas é a principal causa da crise que enfrentamos.

A situação brasileira causou interesse principalmente num dos ouvintes da plateia: o presidente russo, Vladimir Putin. Numa longa conversa durante um jantar no sábado, ele quis saber de Temer sobre a PEC que limita os gastos públicos. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, o diálogo, que durou mais de uma hora, foi centrado nas mudanças econômicas que ocorrem no Brasil. Além do ajuste fiscal, Putin também fez perguntas sobre o controle de expectativas de inflação.

— Putin pareceu muito interessado em saber dos avanços econômicos no Brasil. Perguntou sobre a inflação, mas queria saber, principalmente, do controle de gastos — disse um interlocutor do presidente.

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