Por Raphael Di Cunto e Thiago Resende – Valor Econômico
BRASÍLIA - Diante da briga por espaços no PSDB, aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), que disputam a candidatura presidencial no partido, discutem limitar o universo de uma eventual prévia para definir o candidato da legenda à Presidência da República em 2018. A ideia é restringir o colégio eleitoral a lideranças institucionais.
Para evitar filiações em massa para influenciar no resultado, os deputados Marcus Pestana (MG) e Eduardo Cury (SP) passaram a defender que o colégio eleitoral das prévias seja composto apenas pelas lideranças - parlamentares, governadores, prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios.
A decisão sobre a candidatura, dizem, não pode ficar restrita à cúpula do partido nem nas mãos de um grupo volúvel e com convivência partidária. Lembram que o colégio eleitoral com todos os filiados fica mais sujeito a denúncias de uso da máquina pública, como ocorre nas próprias disputas internas tucanas.
"O processo de filiação partidária, não só no PSDB, é de baixa qualidade. Não há vida orgânica nos partidos", diz Pestana. O tucano vê dois modelos alternativos: a participação de toda a população interessada, como nas prévias americanas - "o que o Brasil ainda não está maduro o suficiente para realizar" -, ou um colégio restrito, só com filiados que têm participação ativa na vida da sigla.
Cury, que faz parte da executiva nacional, diz que o colégio mais restrito mobilizaria mais o partido. "Isso garantiria a democracia interna, mas com um voto de qualidade", diz. O eleitorado seria composto por cerca de 10 mil filiados em todo o país.
O assunto das prévias ressurgiu com a eleição de João Doria para a Prefeitura de São Paulo. Candidato de Alckmin contra a vontade de outros caciques, como o ministro das Relações Exteriores, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Doria ganhou a prévia e venceu a eleição já no primeiro turno.
Fortalecido, Alckmin quer ampliar seu espaço nas instâncias nacionais do PSDB. Um aliado diz que o governador se sente alijado das decisões importantes. Nas contas deles, aecistas estão no comando de 80% do diretório nacional, além das bancadas na Câmara - Antonio Imbassahy (BA) - e do Senado - Cássio Cunha Lima (PB).
Alckmin não tem candidato na disputa pela liderança e, admitem seus aliados, nem força para eleger sozinho um dos 51 deputados para líder. A bancada de São Paulo, embora a maior do partido, com 15 parlamentares, não teria votos suficientes sem aliança com outros Estados. "Mas o governador não ficará mais quieto em São Paulo e vai querer ser consultado sobre a composição de todos os espaços", diz um tucano.
Serra, também interessado em disputar a Presidência, tem pouca capilaridade na máquina partidária - em São Paulo, por exemplo, seu candidato perdeu as prévias para Doria - e também trabalha para ampliar sua influência na legenda. Tentou eleger Jutahy Júnior (BA) para líder da bancada na Câmara no começo do ano, o que levou à reação de Aécio para emplacar Imbassahy no cargo, e já costura nos bastidores o nome do aliado para a sucessão em 2017.
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