*Houve atos em 25 Estados e no Distrito Federal * O presidente Temer foi poupado *Manifestantes apontaram ‘sabotagem’ do presidente do Senado às investigações e ovacionaram o juiz Sérgio Moro
Milhares de manifestantes foram às ruas do País ontem em apoio à Operação Lava Jato, em defesa do pacote das 10 Medidas Contra a Corrupção e contra o Congresso. Apesar do receio do Planalto quanto a uma onda de atos contra o governo, o presidente Michel Temer foi poupado e os protestos se concentraram em críticas aos parlamentares, com foco dirigido ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os atos – os primeiros da era Temer – ocorreram em 25 Estados e no Distrito Federal, e atraíram menos manifestantes do que os pelo impeachment de Dilma Rousseff. Aos gritos de “Fora, Renan”, os manifestantes apontavam o presidente do Senado como autor de uma tentativa de sabotagem à Lava Jato – na quarta-feira, ele quis aprovar um requerimento de urgência para votar em plenário o desfigurado pacote anticorrupção aprovado na madrugada pela Câmara. No mesmo dia, Renan virou réu no Supremo Tribunal Federal. Os atos também se voltaram contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O juiz Sérgio Moro, por sua vez, foi ovacionado
• Manifestações em 245 cidades de 25 Estados e no DF defendem pacote anticorrupção e têm foco no presidente do Senado, visto como autor de tentativa para sabotar força-tarefa
Protestos pró-Lava Jato pedem ‘Fora, Renan’
Milhares de manifestantes foram às ruas do País ontem em apoio à Operação Lava Jato, em defesa do pacote das 10 Medidas Contra a Corrupção e contra o Congresso Nacional. Apesar do temor do Palácio do Planalto quanto a uma onda de atos contra o governo, o presidente Michel Temer foi poupado e os protestos se concentraram em críticas aos parlamentares, com foco no presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Aos gritos de “Fora, Renan”, os manifestantes apontaram o senador como autor da tentativa para sabotar a Lava Jato – operação que apura esquema de desvios na Petrobrás. Na quarta-feira, ele apresentou um requerimento de urgência para votar em plenário o pacote anticorrupção aprovado na Câmara ainda na madrugada. No mesmo dia, Renan virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF). O juiz Sérgio Moro, por sua vez, foi tratado como “herói” nos atos.
Os protestos foram realizados em, ao menos, 245 cidades, segundo o Vem Pra Rua, de 25 Estados e no Distrito Federal. O Planalto e as presidências do Senado e da Câmara emitiram notas para enaltecer a “democracia” e reconhecer as mobilizações como “legítimas”
Os primeiros atos da era Temer atraíram menos manifestantes do que os protestos com milhões que pediam o impeachment de Dilma Rousseff. Em São Paulo, 15 mil pessoas foram à Avenida Paulista ontem à tarde. Os manifestantes ignoraram o fato de o mandato de Renan na presidência do Senado acabar em fevereiro. “Não importa. Ele tem de sair já, pois simboliza tudo o que a gente tentou tirar da política com o impeachment da Dilma”, disse a analista de sistemas aposentada Luiza Miguel.
Líder do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri discursou em favor da Lava Jato e afirmou que a crise não foi causada pela operação, mas, sim, “por gente como Renan, Dilma e Lula”. “A gente viu a articula- ção do Congresso contra a Lava Jato. Quanto maior for a reação do Congresso e do governo contra a Lava Jato, mais gente na rua teremos”, afirmou. Para Kataguiri, não é hora de falar em “Fora, Temer”.
“Este é um dos mais importantes protestos destes últimos dois anos. O impeachment já acabou, nós não estamos pedindo a saída do presidente, apesar de alguns estarem tentando levar para isso. O povo está se reunindo por causas suprapartidárias”, disse Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.
Em menor intensidade, os atos também se voltaram contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Infelizmente, (Maia) é do Democratas e está tentando passar um golpe na reforma política, com lista fechada. Eu pertenço ao mesmo partido, mas fui eleito por vocês que vieram às ruas”, discursou o vereador eleito e ativista do MBL Fernando Holiday (DEM).
Apesar dos protestos contra o Congresso, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi tietado na Avenida Paulista. Ele afirmou que o Senado tem a responsabilidade de ser a Casa moderadora. “Nós podemos criar um clima de conciliação entre os poderes. Não adianta nada acirrar os ânimos e levar a um estado de ruptura da democracia.”
Bandeiras. Pela manhã, no Rio, o ponto de encontro foi a orla da Praia de Copacabana, na zona sul. Milhares de pessoas carregavam cartazes e faixas de apoio a Moro, ao Ministério Público e à Polícia Federal.
“Todo o poder emana do povo. O povo brasileiro está reunido para dizer não aos corruptos, a esses incompetentes que enfiaram o Brasil nesse buraco sem fundo”, discursou o humorista Marcelo Madureira, do alto do caminhão de som do Vem Pra Rua. Os alvos do protesto eram Renan, Maia e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PM não estimou público.
Em Brasília, Renan ficou na mira do ato realizado de manhã. Manifestantes protestaram contra a classe política, focando nos deputados e senadores, mas preservaram Temer. A PM estimou 5 mil pessoas na Esplanada.
Das dez medidas propostas contra a corrupção apresentadas pelo Ministério Público e apoiadas por 2 milhões de pessoas, apenas uma não foi alterada – a que aumenta a pena por corrupção. A Câmara ainda incluiu no pacote o crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores. / JULIANA GRANJEIA, RICARDO GALHARDO, DANIELA AMORIM, ISABELA BONFIM e ADRIANA FERNANDES
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