- Folha de S. Paulo
Maio não será apenas o mês da efeméride de um ano de governo Michel Temer, mas também um período decisivo para o futuro da atual gestão. Serão pouco mais de 30 dias entre a greve geral de estratégia e resultado duvidosos da última semana e a divulgação do que deve ser o primeiro resultado positivo para a economia após dois anos de recessão, em 1º de junho.
No meio do caminho, o presidente terá de mostrar que realmente tem a base parlamentar nas mãos para aprovar de maneira definitiva a reforma trabalhista no Congresso e ainda vencer pelo menos um turno de votação da nova Previdência na Câmara.
Se tiver sucesso, é possível que, no último dia do mês, o Banco Central avalie que estão criadas as condições para que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduza a taxa básica de juros para 10% ao ano (chegando a 8,5% no final do ano).
O enredo dessa história depende de um governo cada vez mais impopular e de um Congresso dividido sobre qual o caminho para sobreviver a 2018: apoiar um presidente e um conjunto de propostas impopulares ou buscar cada um a própria salvação.
Líderes da base aliada calculam que o governo conta neste momento com cerca de 150 votos na Câmara a favor da proposta previdenciária, menos da metade dos 308 deputados de que necessita. O último Datafolha revela perda de apoio a Temer e às reformas, além da ascensão da direita e esquerda populistas, representadas por Jair Bolsonaro e Lula em sua versão atual.
Apesar desse cenário, o mercado financeiro permanece otimista com o Brasil e as reformas. O Datafolha também mostra melhora na expectativa dos brasileiros em relação à economia, retornando aos índices do período pós-impeachment. Por uma contradição, a confirmação dessa melhora pode depender do sucesso de projetos e de grupos políticos hoje rejeitados pela maioria.
Felizmente, para o governo, votação no Congresso não é plebiscito.
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