- Valor Econômico
Empresas focam área digital em busca de eficiência
Indicadores mais consistentes da economia brasileira autorizam expectativas com a retomada do crescimento e sugerem que economistas de A a Z têm razão quando afirmam que a reação da atividade será gradual. Bancos nacionais e estrangeiros, que 'vendem' Brasil no mercado internacional, começaram a rever projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e para este ano. Nesse quesito, 2018 já levava vantagem sobre 2017 e ela poderá ser ampliada se a atividade engrenar no segundo semestre, como espera o Ministério da Fazenda. O ano deve terminar com o PIB avançando ao ritmo de 2,5% a 3% no seu último quarto. Há quem espere até 4%.
Qualquer um desses resultados contagiará as perspectivas de estreia de um ciclo mais positivo para o eleitoral ano de 2018. Levantamento realizado pela coluna sugere, inclusive, que vem por aí uma economia diferente - mais preparada e mais moderna, inserida em padrões que exigem precisão digital e conformidade com leis, regras, regulamentos.
A melhora dos índices de confiança de empresários e consumidores é fato, concordam institutos de pesquisa, o que torna mais concreta a perspectiva de retomada. O desempenho das importações aponta para um consumo maior. Em quatro meses deste ano, elas cresceram 9,5% em relação a igual período de 2016. No primeiro quadrimestre do ano passado, as importações desabaram 32,2% em relação a igual período de 2015.
A dois meses do encerramento do programa de liberação de saldos em contas inativas do FGTS, marcado para 31 de julho, a Caixa informa que os saques podem superar em R$ 10 bilhões ou mais a previsão inicial de R$ 30 bilhões. Isso quer dizer, que R$ 43 bilhões ou mais tendo o FGTS na origem estarão circulando na economia e com real possibilidade de impulsionar o consumo.
O resultado das vendas do varejo em março será divulgado pelo IBGE nesta semana, mas os balanços contábeis de duas das maiores redes varejistas no primeiro trimestre são animadores. O lucro líquido do Magazine Luiza cresceu mais de 10 vezes aproximando-se de R$ 60 milhões. A Via Varejo __ dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio __ teve lucro líquido de R$ 97 milhões no primeiro trimestre, após perda de R$ 237 milhões em igual período de 2016.
Conspira a favor do consumo, a inflação em 12 meses, navegando abaixo da meta de 4,5%, dado que pode ser interpretado como um saudável indicador antecedente de mais cortes de juros pelo Banco Central. O mercado eleva as apostas em redução da Selic em 1,25 ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês. Há pouco esperava-se corte de 1 ponto.
Na sexta-feira, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco anunciou nova estimativa para a taxa básica no fim deste ano: 8%, inferior em 0,50 ponto à projeção anterior. Em seis meses de flexibilização monetária, a Selic passou de 14,25% em outubro para atuais 11,25% e poderá chegar a 10% no dia 31, quando o Copom definir a próxima taxa.
Juro menor e oferta maior de crédito podem ser um santo remédio para curar a "síndrome dos desempregados empregados". O ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros batizou com essa expressão o comportamento de brasileiros que fugiram das compras, temendo engrossar, no futuro, a fila dos desempregados.
Durante debate organizado pelo Valor e que reuniu os economistas Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV e professor do Instituto de Economia da UFRJ, e Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset, há dois meses, Mendonça de Barros afirmou que a perspectiva para a economia brasileira mudará quando as pessoas empregadas voltarem a consumir, convencidas de que não perderão postos de trabalho.
Leichsenring avaliou que o crescimento econômico, em 2018, poderá, sim, ser puxado por essa retomada do consumo. Ele se mostrou cético, porém, quanto à perspectiva de que haverá importante queda na taxa de desemprego, por considerar que o Brasil poderá aumentar a produção com a mesma população hoje alocada no mercado de trabalho. O economista acrescentou que as empresas que quiserem voltar a investir terão que recuperar sua lucratividade, porque não haverá espaço para aumento de preços.
Levantamento feito pela coluna nas últimas semanas aponta maior atenção de empresas e investidores na área digital. Houve aumento considerável de informações sobre estágios, trabalho e estudo voltados à inteligência artificial, tecnologia da informação e compartilhamento de soluções em busca de uma gestão mais eficiente de negócios, resolução de conflitos, maior produtividade e inovação. A gestão de folhas de pagamento e de estoques por meios digitais é tema recorrente entre os fornecedores dos serviços de tecnologia.
Entre os informes compilados pela coluna existem aqueles que recomendam às empresas orientar decisões de investimento que resultem em crescimento com maior sofisticação. Se essas indicações agora percebidas forem confirmadas, o Brasil poderá queimar etapas no processo de retomada e deixar para trás, de vez, dois anos de brutal recessão.
Um exemplo de busca de eficiência: a Vale anunciou a implantação de um novo sistema de gestão das unidades de minério de ferro e manganês. O sistema, chamado de Gestão da Produção Vale-Mineração, começou a ser desenvolvido em 2014 pelas áreas de Tecnologia da Informação e Ferrosos em parceria com a Chemtech, empresa do Grupo Siemens. O sistema faz parte da plataforma tecnológica única de gestão de valor do negócio de ferrosos - composto por mina, ferrovia e porto. A Vale calcula que economizará mais de US$ 70 milhões com a inovação.
A Resource, multinacional brasileira de TI, apresentou há poucos dias sua nova unidade Infra Technology & Solutions para fornecer soluções digitais e modelos em nuvem (cloud services, conectividade e segurança) e automação de processos com gestão de dados com foco em inovação e eficiência operacional.
O Instituto Tellus inaugura nesta semana o Projeto Área 21 - Laboratório de Criatividade, em São Paulo. O projeto é dedicado a jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. O objetivo é o desenvolvimento de competências e experimentação de novas tecnologias para aprendizagem baseada em projetos.
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