- Folha de S. Paulo
Os perceptíveis desânimo e isolamento de Michel Temer em sua viagem internacional espelham as dificuldades do peemedebista para manter-se no Palácio do Planalto. Em meio à definição da estratégia para esquivar-se das denúncias que a Procuradoria-Geral da República deverá apresentar a partir de segunda (26), o presidente se vira nos 30 para passar a impressão de que as reformas avançam.
A nova Previdência está parada na Câmara desde que o vendaval JBS começou. O postulado corrente é que a proposta será desidratada o suficiente para assegurar sua aprovação. As novas concessões podem atingir pontos nevrálgicos, como a idade mínima para mulheres. Discute-se agora fixá-la em 60 anos, em vez de 62. A ideia inicialmente era estabelecer 65 anos independentemente de gênero, mas esse limite acabou sendo previsto somente para homens.
Outras mudanças, como ampliação da idade para ter acesso a benefícios assistenciais e regras mais duras para as aposentadorias rurais, podem também ser escanteadas para garantir votos à PEC da Previdência. Há quem acredite que o texto poderá ser condensado a ponto de sobrar apenas a idade mínima ao cabo da tramitação no Congresso.
Em um contexto mais favorável, o governo Temer já tinha cedido a pressões, e a transigência reduziu em 25% a economia esperada com a proposta num período de dez anos. A equipe econômica e o Planalto chegaram a entregar os anéis em outras negociações (Funrural, novo Refis, dívida de municípios com o INSS...) para supostamente salvar os dedos na reforma previdenciária.
Algum tempo atrás ouvi de um assessor da equipe econômica que o governo Temer precisava entregar —ao mercado e ao empresariado— alguma reforma na Previdência, caso contrário estaria morto. Na época, nenhum de nós poderia imaginar que a morte poderia chegar antes ou que essa poderia ser uma reforma para lá de qualquer.
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