A banda continua a passar, com os Estados Unidos liderando o crescimento no mundo rico, a Europa consolidando a recuperação e dezenas de países emergentes avançando, com Índia e China à frente do grupo. Ao elevar os juros pela segunda vez em três meses, o banco central americano (Federal Reserve, Fed) reiterou sua aposta no fortalecimento econômico do país e na continuidade da criação de empregos. Novas medidas de aperto monetário estão previstas, para acomodar a política do Fed à intensificação dos negócios e a pressões inflacionárias um pouco mais intensas. Há pouco tempo o Brasil voltou a acompanhar a banda, por enquanto de longe, mas com possibilidade de se aproximar. Essa é, no entanto, uma hipótese otimista, neste momento. O jogo político em Brasília determinará se o País continuará a avançar, mesmo lentamente por algum tempo, ou se continuará vendo a prosperidade global passar, distanciar-se e sumir além da curva, como na recessão criada pela desastrosa gestão petista.
As expectativas em relação ao Brasil têm melhorado nos últimos meses, nos cenários prospectivos divulgados por entidades multilaterais. Um exemplo expressivo é o da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Seus técnicos elevaram de zero para 0,7% a projeção de crescimento, em 2017, do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Poucas semanas depois dessa estimativa, a entidade publicou uma avaliação das perspectivas globais com base num conjunto de indicadores antecedentes – informações utilizadas como sinais de tendências com antecipação de seis a nove meses.
Esses indicadores apontam, segundo o relatório, um impulso de crescimento estável, de modo geral, nos países-membros da organização. A Alemanha é uma das exceções, com indícios de aceleração. Alguns emergentes, como Rússia e Brasil, também parecem estar ganhando vigor, enquanto a tendência se mantém na China e na Índia. O ganho de impulso da economia brasileira fica muito menos impressionante, é claro, quando a expansão recente e as tendências de crescimento são traduzidas em números mais precisos.
No quadro de estimativas publicado em 7 de junho, o crescimento mundial estimado para o ano foi revisto de 3,3%, taxa divulgada em abril, para 3,5%. A projeção para os Estados Unidos, embora reduzida de 2,4% para 2,1%, permaneceu entre as maiores e muito acima da calculada para o Brasil. Na zona do euro o avanço médio foi estimado em 1,8%.
O Brasil continua, portanto, atrás da média mundial e bem atrás do avanço dos países emergentes mais vigorosos, como a China (6,6%) e a Índia (7,3%). Continua atrás, também, de vários latino-americanos, como a Colômbia (2,2%), Costa Rica (4,1%) e México (1,9%). Mas pelo menos o País voltou a avançar, depois de uma longa retração, e isso tem estimulado a revisão das projeções.
Um amplo balanço do primeiro trimestre, recém-publicado pela OCDE, mostrou expansão média de 0,9% para os países do Grupo dos 20 (G-20), formado por 19 das maiores economias e pelo conjunto da União Europeia. Houve economias até com menor crescimento que o do Brasil (1% em relação aos três meses finais do ano anterior), mas o caso brasileiro era especial: o País voltava a apresentar resultado positivo depois de oito trimestres consecutivos de retração.
As estimativas de crescimento de 0,7% neste ano e de 1,6% no próximo são em parte fundadas no desempenho no primeiro trimestre e no avanço do programa de ajustes e de reformas. O relatório aponta, no entanto, riscos derivados das incertezas políticas. Até a divulgação do relatório, comentaram os autores, os esforços para aprovação da pauta de reformas continuavam, apesar da piora das condições políticas. Embora ministros e alguns políticos da base prometam avanços na política de ajustes e de mudanças, como a da Previdência, a insegurança é inegável. A banda continua em movimento, como indica, por exemplo, a nova alta dos juros americanos. Seria bom se as janelas de Brasília fossem mais abertas para o mundo.
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