Isabella Menon | Folha de S. Paulo
"Instabilidade muito grande", avalia João Batista de Andrade, ministro interino da Cultura, sobre a pasta que já foi comandada por quatro nomes desde 2016. Nada incomum. Criada em 1985, o ministério já teve 20 chefes em sete mandatos presidenciais.
"Isso prejudicou muito a política cultural e o próprio setor", diz Batista, que acha que a situação gerou "atraso de contas". "Como se desenvolve projetos com uma descontinuidade política desse tamanho?"
Entre os problemas que o MinC enfrenta, estão as 20 mil contas de projetos da Rouanet cuja análise está atrasada. "Imagina o prejuízo enorme para a sociedade uma lei que vai ficando deteriorada com tanto atraso e passivo?"
Para o ministério, o número reflete pendências histórias, não apenas de projetos da Lei da Rouanet ainda não analisados, mas também convênios de pontos de Cultura e contratos de audiovisual.
A pasta afirma que mais profissionais foram contratados a fim analisar os processos que ainda precisam.
Batista assumiu o ministério interinamente apósRoberto Freire (PPS-SP) pedir para deixar a pasta, em maio, como resultado da crise política, gerada pelo vazamento do áudio entre o presidente Michel Temer e Joesley Batista, da JBS.
O atual ministro, por sua vez, diz que lamentou a saída de Freire. Para ele, o político do PPS tinha influência no Legislativo.
CRÍTICAS
Diretor de filmes como "O Homem que Virou Suco", o ministro interino conta que amigos o questionam em tom de crítica quanto a sua participação no governo Temer.
"Alguns me incomodam muito e chegam a dizer 'como você participa dessa ditadura Temer, em que o próprio presidente é chamado para depor?'"
Ele diz não responder as críticas, pois acredita que "é preciso blindar o Ministério da Cultura, pela sua importância apartidária".
Convidado em março para presidir a Ancine, Batista não deve mais assumir o cargo. Procurado, o MinC afirma não ter ainda um nome para a vaga na agência.
Questionado sobre as reclamações da classe artística quanto aos cortes no setor, Batista diz que a culpa não é de ministros e secretários de cultura. Para ele, a sociedade civil precisa se "mobilizar" por mais investimentos.
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