- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu que seu partido deixe de participar do governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB), após a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência.
Ao falar à imprensa após o desfile comemorativo da Revolução Constitucionalista de 1932, na manhã de domingo (9), na capital, o governador paulista voltou a dizer que anteriormente havia se posicionado desfavoravelmente à ocupação de cargos pelo PSDB no governo Temer.
Segundo Alckmin, os tucanos deveriam somente ter dado apoio às reformas propostas pelo peemedebista.
Em seguida, o governador afirmou que a legenda não deve continuar na administração federal após a aprovação das alterações nas regras trabalhistas e previdenciárias.
"Hoje o que nós devemos fazer? Aguardar o término das reformas. Depois disso, eu vejo que não há nenhuma razão para o PSDB participar do governo", disse.
Presente ao mesmo evento, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), repetiu seu posicionamento de que a saída do governo Temer pode ser discutida, mas o partido deve continuar apoiando as alterações nos regimes trabalhista e da Previdência.
"Eu não defendo que o PSDB se mantenha no governo. Defendo que o PSDB tenha um olhar para o Brasil. Pode até ser sem ficar no governo, essa é uma questão do debate", afirmou.
A fala de Doria mantém a estratégia de não ter um discurso que seja de confronto em relação ao de Alckmin, que é seu padrinho político mas pode vir a disputar com ele o posto de candidato do PSDB à Presidência em 2018.
REFORMAS
A votação da reforma trabalhista está marcada para terça-feira (11) no Senado.
Com margem apertada, o Senado tem a promessa de votos suficientes para aprovar a reforma trabalhista de Michel Temer, segundo levantamento realizado pela Folha na semana passada.
Dos 81 senadores, 42 declararam apoio ao texto. O governo precisa de ao menos 41 para ganhar a votação.
São contra a proposta pelo menos 23 senadores, de acordo com a enquete.
Os outros 16 parlamentares não informaram uma posição, após contato direto ou por meio da assessoria de imprensa. Entre eles estão governistas, inclusive do PMDB.
A mudança das leis trabalhistas é considerada prioridade pelo governo, especialmente no momento em que enfrenta uma crise política.
Amplamente apoiada pelas entidades empresariais, a proposta de reforma das leis trabalhistas traz a prevalência, em alguns casos, de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, obstáculos ao ajuizamento de ações trabalhistas, limites a decisões do Tribunal Superior do Trabalho, possibilidade de parcelamento de férias em três períodos e flexibilização de contratos de trabalho.
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