- Folha de S. Paulo
Exatamente há um ano, o deputado Rodrigo Maia avançava na articulação para se eleger presidente da Câmara após a renúncia de Eduardo Cunha, pego na Lava Jato.
"Tenho sido procurado por vários partidos por causa do meu perfil. Estou muito avançado para construir uma base", disse à coluna publicada aqui no dia 9 de julho de 2016.
Quando o questionei na ocasião sobre a relação com o PMDB e Michel Temer, então presidente interino durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Maia respondeu: "Sou governo. Quero deixar claro que sou interlocutor dele".
Poucos dias depois, ele foi eleito presidente da Câmara e reeleito em fevereiro. Aquelas palavras sobre a construção de uma base de apoio poderiam fazer sentido no contexto atual em Brasília em que deputados de partidos de sustentação do governo de Temer agem nos bastidores para que Maia o suceda no caso de o plenário da Casa aceitar a denúncia da PGR contra o presidente.
Desta vez, porém, o deputado não pode declarar nem dar sinais de movimento parecido. Precisa demonstrar que não conspira, não pede votos, nem atua para derrubar um presidente da República, mesmo que seja crescente a onda a seu favor dentro e fora do Congresso.
"Não tenho trabalhado contra o presidente", disse Maia ontem à coluna logo depois de se encontrar com Temer no Jaburu.
"Tenho tentado deixar claro. Uma coisa é ser o dono da agenda econômica (sobre reformas que tramitam na Câmara). Outra coisa é conduzir uma denúncia, onde meu papel é cumprir a Constituição e respeitar os dois lados, governo e oposição", afirmou o deputado do DEM.
O recado é claro: uma coisa é trabalhar por reformas importantes para o país, outra é fazer manobras regimentais que possam ajudar no apoio a Temer na CCJ e no plenário contra a denúncia. Caberá a Temer, e não a Maia, reverter tendência cada vez maior de queda do governo.
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