- Folha de S. Paulo
Livre dos terremotos e furacões que arrebentam a parte central das Américas, o Brasil acabou condenado a outro tipo de tragédia: sua elite.
Parte significativa dos nossos maiores empresários é o que a Lava Jato demonstrou que é. Como explicitado a certa altura do filme sobre a operação, o grupo deveria deveria reunir o que o país tem de melhor, não um bando de criminosos.
Da elite política, a que faz rodar o mar de lama, é que evidentemente não aparecerá nenhuma saída digna —está aí a discussão da reforma eleitoral para provar isso.
Na liderança, por sinal, nosso desnível se nota até no detalhe. Quem olhou com atenção a imagem do jantar do presidente americano com seu pares latino-americanos percebeu que o único fone de tradução visível aparece na orelha do brasileiro.
No aspecto gerencial dessa elite, uma notícia desta semana resume muita coisa: no Estado mais rico do país, construiu-se do zero um aeroporto para ser a principal porta de entrada do Brasil e uma linha de trem para acessá-lo, mas o trilho acaba a 2,5 km do novo terminal.
A elite intelectual, por sua vez, assiste inoperante ao derretimento de suas universidades, algo demonstrado em imagens e rankings mundiais.
Não por acaso, quem viaja por eventos internacionais de tecnologia logo percebe que o Brasil neles inexiste.
Com uma elite burocrática que trabalha voltada aos interesses do funcionalismo público, o imobilismo não surpreende. Mas na esfera privada a coisa não é tão melhor. Soa emblemático o caso da chef que teve queijos apreendidos no Rock in Rio por não cumprir uma regra sanitária básica. Quando confrontada, a nata da sociedade reage como criança mesmo quando poderia ajudar a solucionar um problema real.
Se a desigualdade estivesse em queda livre, haveria um fiapo de esperança, mas não é o caso. A elite, além de tudo, parece petrificada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário