Bruno Araújo, das Cidades, diz que não tinha apoio do partido para ficar no cargo
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, é o primeiro integrante do dividido PSDB a desembarcar do governo Temer. Em carta, ele alegou que já não tinha apoio do partido para se manter no cargo. “Minha sensibilidade dizia que chegou ao limite.” Surpreendido pela demissão, o presidente afirmou que fará reforma ministerial até meados de dezembro.
Tucano deixa governo e deflagra reforma ministerial
Com saída de Araújo, Temer vai mudar ministros até dezembro
Cristiane Jungblut, Eduardo Barretto e Maria Lima / O Globo
-BRASÍLIA- Antecipando-se à decisão do PSDB sobre romper com o governo, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, pediu ontem demissão do cargo, dando início à reforma ministerial que deve se estender até meados de dezembro. A expectativa é que o presidente Michel Temer não se restrinja aos agora três ministérios ocupados pelos tucanos e amplie as mudanças para outras pastas.
A ideia no Planalto é trocar nas próximas semanas todos os ministros que desejem disputar as eleições do próximo ano. O presidente já começou a conversar sobre isso com presidentes dos partidos da base, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Pelas regras eleitorais, os ministros só precisariam deixar o governo em abril para concorrer, mas antecipando a reforma Temer daria mais tempo para os novos ministros trabalharem.
Araújo pediu demissão em um encontro privado minutos antes de um evento público no Planalto sobre o Cartão Reforma, uma política de seu ministério. Após a cerimônia, na qual ficou ao lado do presidente, Araújo entregou formalmente a carta pedindo exoneração e informando que “não há mais no PSDB apoio no tamanho que me permita seguir nesta tarefa”. No texto, ele fez questão de elogiar o governo: “A serenidade da história vai reconhecer no governo Temer resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira”.
No fim da tarde, foi a vez de Temer soltar nota agradecendo a Araújo. No texto, o presidente disse que fará uma reforma ministerial até meados de dezembro. Desta vez, a expectativa é que haja trocas internas ou uma dança da cadeiras entre os próprios ministros.
Os partidos do chamado centrão, em especial PP, PR e PSD, disputam a pasta das Cidades. Há semanas, desde que a hipótese de uma debandada tucana cresceu, uma possibilidade era a ida do ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, para o posto ocupado até ontem por Araújo. A vaga atual de Kassab caberia então a outro partido.
O centrão vem cobrando também a saída imediata do tucano Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo. Uma das alternativas para manter Imbassahy no governo seria deslocá-lo para outro ministério, fora do Planalto.
Entre os colegas de Araújo na Câmara, a percepção foi que ele, como ex-líder do partido na Casa, sentiu o peso das convenções estaduais do fim de semana, quando o apoio ao desembarque do governo foi majoritário.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, candidato a presidente do partido, disse que a saída de Bruno seguiu o que vem pregando há dois meses: o desembarque com educação.
— Está dentro da estratégia de sair de forma natural e elegante — disse Perillo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário