Ministro das Cidades pede demissão e é primeiro tucano a deixar o governo
Bruno Boghossian, Gustavo Uribe, Bernardo Mello Franco / Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro das Cidades, o tucano Bruno Araújo,pediu demissão na tarde desta segunda-feira (13), dando início ao desembarque tucano do governo e antecipando a reforma ministerial.
Ele enviou ao presidente Michel Temer sua carta de exoneração antes de cerimônia no Palácio do Planalto.
Na carta, ele agradeceu a confiança de Temer e disse que não há mais na sigla apoio para que o ministro continue no cargo.
Araújo disse à Folha que tomou a decisão por entender que "faltou firmeza ao PSDB" para que ele continuasse no cargo, e que sua participação no ministério dependia do respaldo da sigla.
"Não havia mais apoio no PSDB com tamanho suficiente para isso. Tenho uma vida política e partidária. Retorno à Câmara para cumprir outras tarefas", afirmou. Araújo é deputado federal por Pernambuco e estava no governo desde o início da gestão Temer, em maio de 2016.
Araújo aproveitou a carta de demissão para fazer um elogio ao governo. "Tenho a convicção, sr. presidente, que a serenidade da história vai reconhecer no seu governo resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira", escreveu.
O tucano comunicou Temer de sua saída minutos antes de participar de um evento de sua pasta ao lado do presidente. Em discurso, ele deu duas vezes indicações de que não permaneceria no cargo.
Em um dos escorregões, tentou corrigir o uso de um verbo no passado. "Não tenho a menor dúvida de que nós deixamos...que vamos e que o governo de vossa excelência deixa plantado com a regularização fundiária e com o cartão reforma", disse.
Num outro momento, fala no passado sobre o período que esteve na pasta. "O país responde com velocidade a governança. Eu testemunhei isso nesse período no ministério", disse.
O tucano é o primeiro ministro do PSDB a pedir demissão diante das movimentações da cúpula do partido para desembarcar do governo Temer. Além dele, há outros três nomes da sigla na Esplanada dos Ministérios: Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Os cargos ocupados pelo PSDB são cobiçados por outros partidos da base aliada de Temer –em especial o "centrão", que agrega siglas como PP, PR, PTB, PSD e PRB.
Essas legendas cobram do presidente a realização de uma reforma ministerial nas próximas semanas para destravar a pauta de votações no Congresso, principalmente a reforma da Previdência.
O Ministério das Cidades é a pasta mais desejada pelos partidos, por ter um orçamento gordo e por executar ações que podem ser entregues em prazo relativamente curto. Além disso, o ministério tem obras espalhadas por milhares de municípios –bases eleitorais dos deputados que querem controlar suas atividades.
A saída de Araújo abre caminho para que Temer faça a redistribuição das pastas do PSDB para outros partidos.
Nesta segunda, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que Temer lhe informou que a reforma ministerial será feita ainda este ano.
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