Poder em jogo / O Globo
A saída do tucano Bruno Araújo do Ministério das Cidades assinala o início da etapa final do governo Michel Temer, que deverá ser dedicada à tentativa de aprovar a reforma da Previdência. A pasta era um dos alvos dos partidos do centrão — especialmente do PP —, que pretendem abocanhar mais uma fatia de poder na Esplanada antes de ajudar Temer a cumprir sua principal tarefa no Planalto. Há outras na mira, como Agricultura e Turismo. Em comum, esses ministérios oferecem aos partidos obras e verbas, instrumentos importantes numa disputa eleitoral dura e com pouco dinheiro. As trocas no Ministério também servirão à aprovação das impopulares medidas provisórias do ajuste fiscal, que adiam reajustes salariais e aumentam a contribuição previdenciária dos servidores. É o modo de operar da velha política tentando adequar o país a novos tempos. Parece uma contradição. E é.
Estamos juntos
Até a segunda ordem, o PSDB está com Temer. Com ou sem ministério. O fato de Bruno Araújo facilitar a reforma ministerial é um sinal disso.
Deixa comigo
Cresceu a pressão para que Geraldo Alckmin aceite assumir o comando do PSDB e encerre a disputa entre Tasso Jereissati e Marconi Perillo. O governador paulista não quer correr o risco de ver a divisão do partido se aprofundar ao ponto de parte de uma ala deixar a legenda e apoiar outro candidato ao Planalto.
Subterrâneo
Reflexo da crise partidária e das acusações de corrupção contra seu maior líder, Aécio Neves, o PSDB de Minas se recolheu na convenção do fim de semana. Em vez de se reunir em auditórios em endereços nobres de Belo Horizonte ou no plenário da Assembleia Legislativa, como em eventos anteriores, o encontro se deu na garagem da sede da legenda na capital. Foi forte a ausência de deputados federais e estaduais. Há meses, Aécio não participava de eventos em BH.
Prestígio
Responsável pelo relatório que livrou Michel Temer, na Câmara, da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, Bonifácio de Andrada ganhou um afago dos tucanos em Minas, liderados por Aécio Neves. Foi eleito terceiro vice-presidente da Executiva do partido no estado.
Chapéu alheio
A bancada do Rio está irritada com Pezão. Deputados acham que estão sendo usados para o governador demonstrar força política. Pezão avisou-os que anunciará hoje, num encontro de prefeitos do estado, o repasse de R$ 119 milhões em emendas parlamentares para a Saúde. Resultado: aqueles que não queriam ir ao evento para não se vincular ao governo agora sentem-se obrigados a comparecer. A revolta foi grande no grupo de WhatsApp da bancada. “Esse governador não merece nosso apoio. Deveria ter algum nível de respeito”, escreveu Celso Pansera.
Inovação
A Universidade Federal do ABC acaba de criar duas novas áreas de licenciatura em Matemática: “Educação das Relações Étnico-raciais” e “Afromatemática como Transformadora Social”.
Baixa o aplicativo
A Presidência vai pagar R$ 1,4 milhão pelos serviços de 20 “motoristas executivos”, acompanhados por um supervisor. Motivo informado no edital: “Insuficiência de motoristas oficiais.”
Movimento barrado
A Comissão de Educação do Parlasul aprovou declaração contra a proposta de revogar a lei que declarou Paulo Freire patrono da educação brasileira. A tentativa é do Movimento Brasil Livre, que apresentou sugestão legislativa ao Senado. A declaração, a pedido da petista Fátima Bezerra, diz que repudia iniciativas motivadas por “finalidade políticas torpes e interpretações apequenadas e distorcidas da grande obra de Paulo Freire”.
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