sábado, 6 de janeiro de 2018

Bolsonaro faz acordo com PSL para disputar Presidência

Decisão leva movimento Livres a deixar legenda e revolta Patriota

Jeferson Ribeiro / O Globo

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto na corrida presidencial, anunciou ontem que vai concorrer à Presidência pelo Partido Social Liberal (PSL). Ele foi acusado pelo Patriota de quebrar a “palavra de honra” dada ao partido, que mudou de nome a pedido do parlamentar (se chamava Partido Ecológico Nacional), nomeou indicados dele para o comando da sigla e o colocou como principal estrela na sua propaganda partidária no ano passado.

O anúncio da entrada do ex-capitão do Exército no PSL também provocou o rompimento das negociações com o Livres, movimento liberal que estava ajudando a reformular a legenda. O Livres tem entre seus líderes Sérgio Bivar, que é filho do presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar.

O presidente do Patriota, Adilson Barroso de Oliveira, disse que no dia 23 de novembro Bolsonaro gravou um vídeo, dando sua “palavra de honra” que concorreria à Presidência pela legenda, e que atendeu a todos os pedidos do parlamentar.

— Decisão final. Palavra vale muito mais que um pedaço de papel. Está tudo certo para nossa filiação em março do ano que vem e junto partimos para um projeto de um Brasil diferente. Quando se faz isso, um casamento, todo mundo perde um pouco para que no conjunto nós venhamos a ganhar — diz Bolsonaro ao lado de Oliveira no vídeo obtido pelo GLOBO.

Segundo Oliveira, Bolsonaro deixou de atender a seus telefonemas e mensagens há cerca de 15 dias, depois que ele rejeitou mais uma exigência de um interlocutor do deputado.

— Eles queriam assumir todo o diretório nacional. Eu não aceitei essa condição porque queriam tomar o partido de mim. Desde então, ele não falou mais comigo — disse o presidente do Patriota.

O PSL e Bolsonaro anunciaram o novo acordo por meio de uma nota em que o partido disse receber o ex-capitão “com muito orgulho” e que “existe total comunhão de pensamentos” entre as partes.

Na nota, eles anunciam bandeiras que pretendem defender na campanha presidencial: “o pensamento econômico liberal, sem qualquer viés ideológico, assim como o soberano direito à propriedade privada e a valorização das Forças Armadas e de segurança. Ambos comungam também da necessidade de preservar as instituições, proteger o estado de direito em sua plenitude e defender os valores e princípios éticos e morais da família brasileira”.

O Livres também anunciou o rompimento das negociações com o PSL. O movimento já tinha assumido 12 diretórios estaduais para reformar a legenda. “A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”, diz um trecho da nota do movimento.

“Recusamos a reciclagem do passado. Não vamos arrendar nosso projeto à velha política de aluguel. Nosso compromisso não é com a popularidade das pesquisas da semana passada”, prossegue a nota do Livres.

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