Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou a possibilidade de o seu partido desembarcar do governo do presidente Michel Temer, às vésperas do provável lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República. Ele reconheceu, porém, que a legenda ensaia um movimento de maior independência em relação ao Palácio do Planalto, com seus parlamentares tendo abertura para votar contra projetos defendidos pelo governo, caso não concordem com o que for apresentado.
"Acho que os partidos da base têm que ter a liberdade de lançar seus pré-candidatos e não precisam ser hostis com o governo. O DEM e eu, como presidente da Câmara, vamos continuar tendo diálogo com o presidente Temer. Naquilo que acreditamos, continuaremos votando a favor, e se não concordarmos, votaremos contra", disse Maia, que não confirmou se será apresentado como postulante à Presidência durante a convenção nacional da sigla, marcada para a próxima semana.
Segundo apurou o Valor, parlamentares ligados à cúpula do partido reconheceram que a baixa popularidade do governo Temer obrigará Maia e a sigla a se descolarem do presidente, caso queiram ter alguma chance de ver a candidatura própria decolar. Os aliados do presidente da Câmara apostam, porém, que o afastamento deve ser "gradativo" e não pode "nem de longe lembrar uma ruptura", visto que o parlamentar do DEM sempre foi um dos avalistas da agenda reformista defendida e praticada pelo emedebista.
Ciente das dificuldades que poderia enfrentar caso permitisse que sua pré-candidatura fosse classificada como governista, Maia e seus aliados viram no movimento de independência a única alternativa para que a candidatura própria do DEM tenha "chances de vingar".
Um dos principais aliados de Maia no Congresso, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) reiterou a posição do presidente da Câmara de que o DEM não desembarcará da base aliada do governo Temer nas próximas semanas. Ele defendeu, porém, que o partido trabalhe para "buscar a identidade própria".
"Não vamos sair do governo, mas tem algumas propostas que não vamos acompanhar. Esse movimento de independência é natural, já que o partido vai apresentar uma candidatura à Presidência que não é do governo. Não é um rompimento", explicou Aleluia, acrescentado que a legenda não deixará de apoiar projetos do governo ligados ao ajuste fiscal e à economia, como a privatização da Eletrobras, da qual ele é relator.
Segundo Aleluia, Maia e o DEM não cogitam a possibilidade de Temer apoiar formalmente as pretensões do presidente da Câmara de sucedê-lo. "A candidatura de Maia será identificada pelos valores democráticos e por ser de fora do governo".
Uma das primeiras sinalizações de independência, de acordo com fonte, acontecerá quando o ministro da Educação, Mendonça Filho, oficializar sua saída da pasta para disputar a eleição. O DEM, apurou o Valor, não trabalhará para indicar o sucessor do pernambucano. O posto deve ficar com a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Castro, ligada ao PSDB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário