Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - "Vamos construir para que dessa vez a gente tenha uma integração maior". Foi esse o comentário do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao ser questionado sobre qual relação nas eleições deste ano terão o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes e seu pai, o vereador e também ex-prefeito da capital, Cesar Maia, depois da saída de Paes do desgastado MDB para o DEM, na reta final da janela de transferência partidária. Paes filiou-se à legenda para concorrer ao governo estadual acompanhado do deputado federal Pedro Paulo, a quem Cesar Maia se recusou a apoiar na eleição a prefeito de 2016. No início do ano, Rodrigo Maia chegou a dizer que o DEM era muito pequeno para Paes e seu pai. O que mudou desde então? "O DEM ficou grande", respondeu o presidente da Câmara, em entrevista durante almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Rodrigo Maia afirmou que a filiação de Paes teria contado não só com o aval mas também com a sugestão do pai. "O ex-prefeito Cesar Maia disse que não iria disputar as eleições [a governador], e que nós procurássemos uma alternativa para o tamanho que o DEM tem hoje no Estado do Rio. O primeiro a pensar no nome do Eduardo foi o próprio ex-prefeito Cesar Maia", disse.
Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara não escondeu que há cicatrizes. "É um retorno do Eduardo a seu partido depois de tantos conflitos que tivemos, mas neste momento precisamos construir o melhor projeto para o Rio", acrescentou Rodrigo, numa referência à volta de Paes ao partido onde iniciou carreira e ao rompimento com o pai. Cria de Cesar Maia, Eduardo Paes saiu do então PFL para o PSDB, em 2003, e depois para o PMDB, em 2007, quando concorreu e se elegeu à prefeitura numa campanha em que criticou duramente a gestão do padrinho político.
Cesar Maia é o presidente do diretório estadual do DEM. Sobre o espaço que Paes terá no partido, Rodrigo afirmou que o ex-prefeito não pediu o controle ou cargos de diretório. "Ele não quer assumir o controle de diretório. É que nem o meu pai, não quer assumir o controle de nada", disse o presidente da Câmara, que terá em Paes um palanque estadual para sua pré-candidatura à Presidência da República.
Se não pediu controle do DEM, Paes solicitou ajuda na formação da coligação. "O que ele me pediu é que se eu participaria de forma objetiva, construindo essas alianças, pelas relações que eu construí, principalmente com os partidos no nível nacional", disse.
Maia negou que Paes traga para o partido o desgaste do MDB, responsabilizado pela grave crise do Estado e cujos caciques estão ou estiveram na prisão. "Cada um trabalhou o seu governo de uma forma. Acho que no Estado foi de uma forma, e acredito que na prefeitura foi de outra. As relações pessoais estão colocadas mas nunca contaminaram a gestão pública na cidade do Rio", disse. Além da ligação com o MDB, Paes tem outro problema pela frente: precisa reverter no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que o tornou inelegível por oito anos.
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