- Blog do Noblat | Veja
A pré-campanha eleitoral tem se caracterizado pelo surgimento de pré-candidatos que aparecem e desaparecem. São novidades de temporada. Alguns ficam, como Jair Bolsonaro e sua incírivel resiliência. Outros como João Dória e Luciano Huck passaram como cometas e desaparecerem no firmamento da sucessão presidencial.
A novidade da vez é Joaquim Barbosa. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal só não deve ser o candidato do PSB à Presidência da República se não quiser. Essa é a opinião de mais de uma dezena de parlamentares do partido ouvidos pela Arko Advice na última semana.
Hoje, entre os congressistas, praticamente não há vetos à sua candidatura. As resistências na legenda ao nome de Barbosa foram reduzidas sensivelmente após a divulgação de pesquisas de intenção de voto em que ele aparece bem posicionado (entre 8% e 10%, dependendo do cenário).
Os resultados incentivaram a pretensão da cúpula partidária de lançar a candidatura. Vários parlamentares veem grande potencial de crescimento futuro, a ponto de projetarem o candidato socialista já no segundo turno da eleição presidencial.
De acordo com alguns, há análises internas apontando que uma parcela significativa do eleitorado ainda não associa o nome de Barbosa à sua figura pública. Mas, ainda conforme essas análises, quando isso ocorrer e o ex-ministro assumir, de fato, a candidatura poderá deslanchar nas pesquisas.
A visão dos correligionários é de que Barbosa conjuga a imagem do homem ficha limpa, comprometido com o combate à corrupção e a seriedade na gestão pública, com a do cidadão negro de origem humilde que venceu na vida e está preocupado com as questões sociais no país.
As políticas de alianças regionais, principal argumento contrário à candidatura presidencial socialista, podem não ser ser empecilho. Há focos muitos pontuais de resistência. Em Pernambuco e na Paraíba, os governadores Paulo Câmara e Ricardo Coutinho trabalham para ter o PT em suas coligações, e uma candidatura nacional dificultaria essas costuras locais. O governador paulista Márcio França, contudo, já estaria avaliando apoiar Barbosa por entender que tal gesto poderia agregar mais a seu projeto de reeleição do que se apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).
No entanto, apesar de o ambiente partidário ser altamente favorável, permanece a dúvida entre os socialistas sobre o futuro do projeto presidencial no PSB. Pois, além de Barbosa não ser assertivo quanto a assumir a candidatura, outras questões preocupam. Sua falta de familiaridade com o ambiente político é uma delas. Sua postura e seu temperamento, isto é, sua forma de reagir na fase mais aguda da campanha, quando ocorrerão embates com outros candidatos, são incógnitas.
Da mesma maneira, o aspecto programático da candidatura gera insegurança. Suas ideias para a economia ainda não foram tornadas públicas. A clareza de um programa econômico numa candidatura presidencial é fundamental para angariar apoio na opinião pública e nos meios de comunicação. Esse tipo de preocupação é partilhada pelos prováveis adversários, que avaliam que Barbosa é apenas uma figura simpática ao público, mas repleta de incertezas.
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Murillo de Aragão é cientista politico
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