Além do pré-candidato do PDT, Álvaro Dias e Marina Silva criticaram a decisão do partido
Felipe Frazão e Renan Truffi | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Pré-candidatos de oposição ao governo Michel Temer reagiram nesta terça-feira ao lançamento do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como nome do MDB para disputar a Presidência da República. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que Meirelles jogou fora sua biografia para suportar uma agenda governista “antipovo, antipobre e antinacional imposta por seu chefe”, em referência a Temer. O pré-candidato do Podemos, senador Álvaro Dias (PR), disse que Meirelles será julgado nas urnas no lugar de Temer.
As declarações foram dadas depois de participarem de sabatina na Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios. Meirelles participa do evento na quarta-feira, 23. Em sua primeira entrevista ao Estado, na condição de pré-candidato, Meirelles classificara Ciro como um dos candidatos que poderiam levar o País à instabilidade e representava um risco de desmonte por prometer rever as reformas do governo emedebista.
“Eu eleito é a certeza de que vou revogar essa agenda antipovo, antipobre e antinacional. Por exemplo, será revogada a entrega do petróleo do pré-sal aos estrangeiros. Será revogada toda e qualquer tentativa de internacionalização da Embraer. Será proposta a revogação e substituída por uma nova regra mais moderna e minimamente séria essa selvageria que eles deram o nome de reforma trabalhista”, disse Ciro Gomes.
Ele ponderou que Meirelles é seu amigo e qualifica o debate eleitoral, mas cometeu “o maior erro da vida” ao ingressar no governo Temer e no MDB. O pré-candidato do PDT afirmou que a oposição “não permitirá” que Temer seja escondido nas campanhas de Meirelles e do pré-candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Álvaro Dias, por sua vez, afirmou que Meirelles passará pelo crivo dos eleitores na condição de indicado de Temer. “O presidente da República deixou de ser julgado pela Justiça enquanto presidente, porque conseguiu da Câmara salvo-conduto, impedimento para instauração de inquérito. Quem sabe agora o povo possa julgá-lo nas eleições tendo o candidato apontado por ele como alvo desse julgamento. Não há como não imputar responsabilidade a quem tem participado ostensivamente dos governos que levaram o País a essa situação de tragédia política e de caos administrativo”, afirmou, em referência ao fato de Meirelles ter sido presidente do Banco Central no governo Lula (PT).
Dias também declarou que não selará aliança eleitoral com os três maiores partidos do País – PT, PSDB e MDB. A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, da Rede, sugeriu que Temer abdicou da candidatura em prol de Meirelles por impopularidade.
“No caso do presidente Michel Temer, com 3% de popularidade, dentro da margem de erro, é possível que seja zero”, disse ela. Marina não comentou sobre o ex-titular da Fazenda. Ela disse que ainda negocia apoio com partidos que integraram sua aliança em 2014. À época, sua coligação era formada por PHS, PRP, PPS, PPL, PSB e PSL, que neste ano lançou o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) na disputa presidencial.
Prevista para ser sabatinada na terça, a pré-candidata do PCdoB, deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila, faltou ao encontro com milhares de prefeitos e vereadores de todo o País. Na quarta-feira, além de Meirelles, estão agendadas as sabatinas de Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos (PSOL), Guilherme Afif Domingos (PSD) e da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), como representante do ex-presidente Lula, condenado e preso na Operação Lava-Jato.
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