- O Estado de S.Paulo
Versão quase paz e meio amor que o deputado esboça não parece consistente nem capaz de expandir seu eleitorado para além dos convertidos
Jair Bolsonaro é um candidato em fase de modulação do discurso e das ideias. E, como tal, parece tatear o terreno, desconfortável na nova pele. Entrevistei o deputado do PSL nesta terça-feira, para a rádio Jovem Pan.
Falta alguma peça quando se tiram da fórmula que explica o sucesso de Bolsonaro até aqui as declarações polêmicas e baseadas na autoridade e, principalmente, Lula e o PT como antípodas.
O deputado fala em adotar um programa liberal na economia, mas não detalha suas diretrizes. Diz que vai “conversar” com Paulo Guedes sempre que instado a aprofundar propostas para temas como privatizações e reformas.
Claramente procurando soar menos autoritário e mais humilde, Bolsonaro soa titubeante, quando não vazio.
Da mesma forma, com Lula preso e o PT fora do poder, fica claudicante uma perna importante de sua persona pública. Tanto que a promessa, feita à la Bolsonaro na véspera, mas relativizada por ele na entrevista como “figura de linguagem”, de incinerar esquerdistas da Educação com um lança-chamas, parece passadista diante do fato de que o governo não é mais petista e o MEC, sob comando do DEM, promoveu, por exemplo, a reforma do ensino médio.
Bolsonaro tem um público fiel e pouco suscetível a suas mudanças de discurso. No entanto, a versão quase paz e meio amor que ele esboça não parece consistente nem capaz de expandir seu eleitorado para além dos convertidos – que, por sua vez, devem estranhar sua nova fala mais moderada.
PESQUISAS
Espontânea é termômetro para deputado projetar 2.º turno
Quando questionado sobre pesquisas e suas perspectivas de ir ao segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) se fixa sobre os bons índices que obtém nas sondagens espontâneas para questionar os cenários em que aparece tecnicamente empatado com nomes como Marina Silva e para projetar suas chances. E conta uma história: diz que quando atingiu 2% na espontânea, recebeu um telefonema de Roberto Jefferson dizendo que ele iria ao segundo turno. Hoje, com 12% em algumas pesquisas, ele se lembra da conversa com o cacique do PTB e afirma que, se tudo caminhar como está, ele tem boa chance de avançar na disputa.
LEÃO FAMINTO
Neymar pode ter más notícias da Receita
Em recuperação física para a Copa da Rússia, Neymar Jr. pode ter contratempos também no procedimento fiscal a que responde no Brasil. A Neymar Sports informou em entrevista em agosto de 2017 que aceitaria pagar uma multa de R$ 8 milhões para pôr fim à investigação. Com isso, explicaram na ocasião os advogados do jogador, ele não poderia mais ser processado criminalmente por esses fatos. Para se chegar a R$ 8 milhões, era preciso compensar os tributos pagos pela pessoa jurídica e pela pessoa física do jogador, na Espanha. A novidade é que a Receita deve considerar que só os tributos pagos pela empresa podem ser compensados. Isso elevaria a multa para R$ 60 milhões – o que representantes do jogador não aceitam pagar. Sem acordo, volta a rondar Neymar o risco de processo criminal. O procurador da República responsável pelo caso, Thiago Nobre, já adiantou que denunciaria de novo o jogador tão logo a questão tributária fosse superada.
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