Por Cristian Klein e Rafael Moro Martins | Valor Econômico
RIO E CURITIBA - Em mais um movimento para atrair o PSB - e afastá-lo do PDT do pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes -, o PT vai aprovar amanhã na reunião do diretório nacional do partido, em Belo Horizonte, uma resolução de política de aliança que considera prioritária as coligações estaduais com o PSB e com o PCdoB. A decisão reforça a estratégia da cúpula nacional do PT de convencer e mobilizar suas seções regionais em torno do projeto de eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou, mais provavelmente, outro nome que venha a substituí-lo, caso seja barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por causa da Lei da Ficha Limpa. O nome mais cotado é o do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
A disputa entre PT e PDT pelo apoio do PSB tem agitado os bastidores dos três partidos. Nesta semana, a Executiva nacional do PT já havia adiado as pré-convenções estaduais com o objetivo de frear o lançamento de candidaturas próprias ou apoios petistas que atrapalhem a negociação com o PSB. É o caso de Pernambuco, onde a pré-convenção estava marcada para domingo e poderia chancelar a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo estadual. Com o adiamento das convenções e a resolução deste sábado, o PT pretende mostrar que está disposto a atender as exigências do PSB em troca da aliança nacional.
O movimento vem depois de encontro na terça-feira, em Brasília, entre a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o vice-presidente Marcio Macedo, o deputado federal Paulo Teixeira (SP), e três líderes do PSB: o presidente nacional Carlos Siqueira, o governador de Pernambuco Paulo Câmara e seu ex-secretário estadual Milton Coelho. "O PT mostrou o desejo de aliança formal com o PSB. Eles ficaram de conversar", afirmou ao Valor Paulo Teixeira.
Teixeira disse que, na reunião, discutiu-se a situação em dez Estados e o PT ofereceu apoio em eleições a governador prioritárias para o PSB, como Amazonas, Amapá, Paraíba, Pernambuco e "eventualmente em Rondônia" - "tudo condicionado à aliança nacional". O apoio em Pernambuco significaria ter de rifar Marília Arraes, uma ameaça à reeleição de Paulo Câmara. "Todos no PT têm a compreensão de que, se tiver aliança formal [com o PSB], todos deverão ajudar", afirmou Teixeira, mesmo se a candidatura de Marília for competitiva e com chances de vitória.
Declaração diferente deu o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner após visitar Lula na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, onde o ex-presidente está preso. "Marília Arraes está mantida como candidata. Evidentemente que há um interesse do PSB nessa junção [com o PT], mas entendemos que é precipitado retirar a candidatura dela antes que o quadro político esteja mais bem configurado", disse Wagner. O petista afirmou que a legenda resolveu manter a postulação de Marília "até segunda ordem" - o que indica o potencial de barganha que a candidatura da vereadora adquiriu. "Não sei se o PDT tem algo a oferecer. Não tem a força do PT, que continua sendo o maior partido do Brasil. E Lula tem grande capacidade de transferência de votos", afirmou Teixeira.
Ex-governador do Ceará, assim como o irmão Ciro, Cid Gomes disse que a diretriz do PDT é que as seções regionais conversem com as do PSB. "O que temos visto é avanço nos Estados", afirmou. Na terça-feira, em Minas Gerais, os dois partidos anunciaram aliança em torno do ex-prefeito da capital, Márcio Lacerda (PSB), o que levou, no mesmo dia à noite, à contraproposta do PT. Hoje, num ato em Contagem (MG), o PT lança a candidatura de Lula.
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