- Folha de S. Paulo
Quanto dos 31% de intenções de voto que pontua o ex-presidente conseguirá transferir?
Uma das grandes incógnitas desta eleição é a capacidade de Luiz Inácio Lula da Silva de transferir votos. O petista, embora ainda se declare candidato, encontra-se preso em Curitiba e impedido de concorrer em virtude da Lei da Ficha Limpa. Seria, contudo, um erro acreditar que o lulismo e o petismo deixaram de ser forças relevantes no pleito.
A pergunta fundamental é quanto dos 31% de intenções de voto que ainda pontua no Datafolha Lula conseguirá transferir para o herdeiro que designar e os graus de liberdade que tem para fazê-lo.
Para os que gostam de palpites baseados em evidência, vale a pena observar mais de perto o caso da eleição suplementar para o governo de Tocantins, que ocorreu no domingo passado.
As notícias não são muito boas para Lula. O PT propriamente dito não lançou um nome, mas o ex-presidente abraçou a candidatura de Kátia Abreu (PDT), chegando a escrever-lhe uma carta na qual declarava seu apoio. A ex-ministra de Dilma Rousseff, que até o início de maio aparecia como franca favorita nas pesquisas, acabou ficando em quarto lugar. Não foi para o segundo turno, que será travado no fim do mês entre o governador interino do estado, Mauro Carlesse (PHS), e o senador Vicentinho Alves (PR).
Tocantins não é o Brasil. Questões irredutivelmente locais têm o seu peso. Além disso, Kátia Abreu, antes de se aproximar do PT, construiu um longo histórico de desavenças com a legenda e com o campo da esquerda. Ainda assim, estamos falando de um pleito majoritário para cargo no Executivo sob um clima político que se aproxima tanto quanto possível do que reinará em outubro. E, nesse teste real, o apoio de Lula a Kátia Abreu não foi suficiente para que ela confirmasse na urna o favoritismo que exibia nas pesquisas.
O ex-presidente até poderá mostrar-se um bom cabo eleitoral, mas, a julgar pelo caso de Tocantins, já se foram os tempos em que Lula conseguia converter postes em reis.
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