sexta-feira, 8 de junho de 2018

Na Rede, coligação com PSDB é descartada: ‘De jeito nenhum’, diz Marina

FH havia afirmado ao GLOBO que ‘não convém fechar portas’ para a pré-candidata

Dimitrius Dantas | O Globo

-SÃO PAULO- A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, descartou ontem a possibilidade de uma coligação com o PSDB, o que a colocaria em uma chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para a disputa do Planalto. Em entrevista à rádio Jovem Pan, ao responder se aceitaria ser candidata a vice-presidente na legenda do tucano, Marina foi enfática.

— De jeito nenhum — disse a pré-candidata, que também negou a possibilidade de uma aliança que a colocasse como presidente, tendo Alckmin como vice.

Ao colunista do GLOBO Bernardo Mello Franco, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmara na quartafeira que “não convém fechar portas”, ao ser questionado sobre uma possível aliança com Marina Silva. De acordo com o ex-presidente, o desempenho dos candidatos nas pesquisas eleitorais é que vai ditar eventuais acordos entre os dois.

Auxiliares de Marina Silva indicam que a admiração de Fernando Henrique por Marina sempre existiu, mas que não há qualquer aproximação promovida pelo ex-presidente, ou por intermediários dele. A possibilidade de uma coligação, por ora, é descartada.

A recusa enfática da pré-candidata da Rede a uma possível aproximação com Alckmin é mais um entre muitos reveses que o tucano coleciona em seu esforço para dar sustentabilidade à sua candidatura, que patina nas pesquisas.

Na última quarta-feira, ainda, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentava implodir o movimento que vinha sendo articulado por Alckmin de unir as forças de centro em torno de uma única chapa para as eleições. Maia chamou de “conversa de bêbado” a intenção de Alckmin de reunir o maior número de partidos em torno de sua candidatura ao Planalto.

Um dia antes da reação dura do democrata, em entrevista a uma emissora de TV, Alckmin se referiu a Maia como “um grande quadro”. E descartou abrir mão de sua candidatura, possibilidade que chamou de “futrica da corte”.

— A campanha só vai começar a partir de agosto. Mudou a lei. Não existe campanha eleitoral. As pessoas ficam impactadas com pesquisas. É como querer saber o resultado do jogo antes do campeonato, da Copa do Mundo — argumentou Alckmin sobre a disposição de não desistir, apesar de os baixos índices de intenções de voto com que aparece nas pesquisas.

Os tucanos acreditam que, com a eventual retirada da candidatura de Maia, o DEM se disponha a ocupar o posto de vice na chapa de Alckmin. Outro pré-candidato de centro, Guilherme Afif Domingos (PSD), também reagira com ironia à ideia de união de centro, chamando-a de “unidos da Lava-Jato” — uma referência ao fato de que a maioria desses partidos tem integrantes investigados na operação.

Durante a entrevista, a ex-ministra do Meio Ambiente defendeu que PT e PSDB se afastem do poder e se reinventem, abrindo espaço a novos partidos.

— Esses partidos se perderam envolvidos em casos graves de corrupção. Precisam de férias e não de fagocitar (incorporar) as lideranças políticas que estão surgindo, para que os brasileiros criem um intervalo para que eles possam se reinventar — disse.

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