Por Fernando Taquari, Cristiane Agostine, Carla Araújo e Rafael Bittencourt | Valor Econômico
SÃO PAULO E BRASÍLIA - Na véspera de um encontro com dirigentes do chamado Centrão, o presidenciável do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, reconheceu ontem a possibilidade de ter um vice indicado pelo bloco partidário formado por DEM, PP, PRB e Solidariedade. O tucano negocia com as quatro siglas de olho em uma aliança nacional.
"Pode [ser]. Por que não?", rebateu Alckmin ao ser questionado sobre a composição de uma chapa com os partidos do Centrão. Na segunda-feira, em conversa com investidores, o coordenador da pré-campanha do PSDB, o ex-governador goiano Marconi Perillo, sugeriu três nomes do bloco como potenciais opções para ocupar a vice na chapa do correligionário.
Aos investidores, Perillo mencionou Mendonça Filho (DEM), ex-ministro da Educação, e os pré-candidatos ao Planalto Aldo Rebelo (SD), ex-ministro do Esporte e da Defesa, e o empresário Flávio Rocha (PRB). Além disso, não descartou como outra alternativa o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência. Era previsto para ontem um encontro entre Perillo e o presidente Michel Temer para tratar de uma eventual aliança.
Alckmin, no entanto, desconversou comentar as especulações ao longo do dia. "Vamos procurar escolher o vice com os demais partidos", declarou o tucano. "Vou caprichar em todos os meus argumentos para que eles participem conosco. Não é uma aliança de qualquer forma ou a qualquer custo, mas em torno de propostas e da governabilidade", acrescentou o presidenciável ao tratar do jantar com as lideranças do Centrão.
Sobre Meirelles, disse que "não está em cogitação" um acordo para ter o ex-ministro como vice em sua chapa. "O MDB tem pré-candidato, que é Meirelles. Estamos procurando quem não tem candidato a presidente", afirmou o tucano, sem levar em consideração que três dos quatro partidos do Centrão também contam com pré-candidatos ao Planalto.
Nos bastidores, aliados de Alckmin reconhecem que o presidenciável tucano pretende, em um primeiro momento, manter certa distância do MDB, com receio de ser contaminado durante a campanha eleitoral pelo desgaste do governo Temer, avaliado como ruim ou péssimo por 79% da população, conforme a mais recente pesquisa CNI/ Ibope.
Ontem, em evento em Brasília, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou os problemas da fragmentação política atual e disse que não acredita que o momento político terá uma solução no curto prazo. Mesmo assim, fez um apelo pela união do centro na eleição presidencial.
"Neste momento eu não vejo saída pela confusão que estamos", afirmou FHC ao defender em seguida a formação de um bloco progressista. "Quando falo em união de centro, eu sempre qualifico, pois tem que ser um centro popular, progressista. Não é o 'Centrão', não é buscar os interesses fisiológicos de cada partido, porque aí vai dar na mesma coisa que temos hoje", explicou.
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