Por Andrea Jubé, Carla Araújo e Vandson Lima | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer recebeu ontem, no fim da manhã, em seu gabinete no Palácio do Planalto, o coordenador da pré-campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República, Marconi Perillo. A conversa de ontem representa o primeiro aceno positivo de Temer aos tucanos, que romperam com o governo e devolveram os seus principais cargos em dezembro, mas agora tentam se reaproximar do MDB. O PSDB mira o apoio da sigla, num eventual segundo turno, caso Alckmin seja contemplado com uma das vagas na reta final do pleito.
Assessores de Temer e de Perillo negam que os dois líderes partidários tenham discutido o cenário eleitoral, a menos de 90 dias do pleito, e que tudo tenha se resumido a uma "visita de cortesia". Mas uma fonte do núcleo restrito de Temer confirma o início da sondagem do PSDB quanto ao eventual palanque conjunto no segundo turno.
Há semanas lideranças tucanas tentavam costurar uma conversa entre Temer e o coordenador político de Alckmin. O ministro das Relações Exteriores, Aloísio Nunes Ferreira, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e até mesmo o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) fizeram gestos para viabilizar este encontro. Nesta conjuntura, a reunião de ontem com Perillo pode ser vista como um avanço das relações desgastadas, desde quando Geraldo Alckmin assumiu a presidência do PSDB em dezembro, substituindo Aécio.
Temer mantém como interlocutores preferenciais no PSDB o senador Aécio Neves e o ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo João Doria. O presidente ainda se ressente das atitudes de Alckmin no passado, que estimulou a bancada federal do PSDB a votar favoravelmente ao prosseguimento das duas denúncias da Procuradoria Geral da República contra o emedebista; o tucano também nunca fez uma defesa enfática da reforma da Previdência que o governo tentou aprovar no Congresso.
Apesar de rumores que circularam há alguns meses de uma possível aliança entre PSDB e MDB, em que o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles comporia a chapa tucana como vice de Alckmin, essas negociações nunca avançaram. A candidatura de Meirelles está consolidada. O MDB caminha para formalizá-la na convenção agendada para o dia 2 de agosto. Em vídeo divulgado ontem, o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), fez uma enfática defesa de que a sigla anuncie que terá candidato próprio à Presidência.
De outro lado, após superar divergências internas, Alckmin também se consolida como o candidato tucano, e está quase conquistando o apoio do bloco do Centrão (PP, DEM, PRB, PSC, SD), ampliando o tempo de propaganda na televisão. É com base nesse poder de fogo que os tucanos argumentam que Alckmin alçará voo depois que começar a campanha de fato.
Assessores de Temer e de Perillo negam que os dois tenham conversado sobre eleições. As duas assessorias divulgaram a mesma versão: que se tratou de uma agenda institucional, a pedido de Perillo, para agradecer os gestos de apoio do Executivo federal ao governo de Goiás, quando o tucano comandava o Executivo estadual.
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