Por Vandson Lima e Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - Cinco dos principais candidatos à Presidência da República (à exceção de Jair Bolsonaro, do PSL) participaram ontem de evento promovido pelo setor da construção, o primeiro após a oficialização das candidaturas.
Em comum, os presidenciáveis apontaram a necessidade de o próximo mandatário promover reformas que abram espaço fiscal para investimentos, uma simplificação tributária que migre progressivamente IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins para um único imposto e o estímulo à maior competição no setor bancário, como forma de reduzir o spread.
Candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin prometeu, caso eleito, ampla revisão de normas legislativas. O tucano fez duras críticas ao FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa que aplica recursos do trabalhador em infraestrutura. "FI-FGTS uma roubalheira inacreditável", apontou. "Quero que o dinheiro do FGTS vá para seu fim primordial, moradia, mobilidade, infraestrutura".
Alckmin também prometeu que empresas de saneamento, que hoje pagam Pasep e Cofins, receberão tais valores de volta para realizarem investimentos.
"Temos que acabar com essa cultura antiempresarial. "Queremos ser parceiros. Vamos estar permanentemente juntos".
O tucano recebeu elogios de José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). "Conte conosco que seu governo será um sucesso", disse. A mesma fala não havia sido dirigida a Marina Silva, da Rede.
Avaliado por Marina como um candidato extremo por "não reconhecer os problemas de corrupção que atingem os grandes partidos", após sua aliança com o Centrão, Alckmin rebateu: "Eu nunca fui do PT, nem ministro do Lula. Sempre estivemos em polos opostos".
Após escolher Ana Amélia (PP), tida como defensora dos interesses do agronegócio, para sua vice, Alckmin saiu em defesa do projeto que ficou conhecido como "lei do veneno", por flexibilizar a concessão de registros agrotóxicos. A proposta está em tramitação no Congresso. "Defendo. Não é lei do veneno, é lei do remédio", afirmou.
Antes do tucano, Marina afirmou à plateia de empresários da construção que "não se deve confundir agilidade com perda de qualidade" da legislação ambiental. Uma das demandas do setor é segurança jurídica para investimentos. "Quando os projetos são bem elaborados, eles têm mais agilidade", opinou.
Candidato do Podemos, Alvaro Dias afirmou que, se eleito, vai impor já em 2019 um limitador de despesas, com o objetivo de cortar de imediato 10% dos custos. "Estamos estudando um limitador emergencial, com corte linear de 10% de todas as despesas".
Ele voltou a dizer que convidará o juiz Sérgio Moro para ser seu ministro da Justiça caso vença a disputa. E atacou o PSDB, afirmando que "será fácil separar o joio do trigo na campanha. Quem quiser a continuidade desse caos é só caminhar para lá [Alckmin]".
Candidato do PDT, Ciro Gomes atacou acertos políticos que lhe tiraram a possibilidade de firmar aliança com o PSB, mirando em especial o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. "Querem resolver a eleição em gabinetes - ou em celas", criticou. O PT fez um acordo com o PSB para que este ficasse neutro na eleição. Ele prometeu criar 2 milhões de empregos em seu primeiro ano de governo, caso seja eleito. Sua ideia é usar recursos do FGTS para estimular setores com potencial para geração de vagas. "Tem hoje uma montanha de dinheiro de exigibilidade do FGTS, que está estocado na especulação financeira".
Último presidenciável a falar no evento, Henrique Meirelles (MDB) afirmou que, caso eleito, vai reservar R$ 80 bilhões para a conclusão de cerca de 7 mil obras paradas no país. "São estradas, ferrovias, portos, creches, escolas. O setor da construção será muito importante nesse processo", disse. Procurando demonstrar otimismo, Meirelles garantiu que pode, em quatro anos de mandato, criar 10 milhões de empregos e, apesar de ter no momento 1% das intenções de voto, disse acreditar que pode vencer a eleição no primeiro turno.
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