Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BELO HORIZONTE - O governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB) agiram para concentrar entre petistas e tucanos a disputa pelo governo de Minas Gerais este ano, com uma sequência de negociações que levou as coligações a um cenário de indefinição que persistia até ontem, já vencido o prazo para o registro de convenções.
Depois de inviabilizar a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) ao governo, Pimentel trabalhou por uma coligação com o MDB, para quem oferecia uma coligação proporcional. No Senado o nome de Pimentel é o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Antonio Anastasia escalou o candidato presidencial da sigla, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para viajarem a Belo Horizonte e sacramentarem a retirada da candidatura ao governo do deputado Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Mas no domingo, de forma confusa e com muita discussão, a convenção estadual do MDB não confirmou o apoio a Pimentel. Os convencionais decidiram apoiar Lacerda ao governo de Minas, mesmo depois da convenção estadual do PSB ter sido anulada pela direção da sigla, o que deve levar a candidatura de Lacerda a ser indeferida. Foi uma escolha que desagradou deputados federais que entendem que para sua reeleição o melhor seria uma coligação com o PT.
Lacerda desafiou a direção de seu partido e os dois lados passaram a travar uma disputa na Justiça. Ontem, ele protocolou no Tribunal Regional Eleitoral de Minas a ata da convenção de sábado que o oficializou candidato Registrou o apoio de sete partidos além do PSB, entre eles o MDB.
Até ontem à noite, os petistas não haviam anunciado quem mais comporá a chapa governista. Uma segunda vaga ao Senado estava em aberto e não havia tampouco definição para a candidatura a vice. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) é a mais cotada, mas o grupo de Pimentel passou o dia em conversas com outras legendas para tentar angariar mais apoio.
Se Lacerda terá sua candidatura revogada e se o MDB indicará um nome para eventualmente encabeçar a chapa, ainda é dúvida. O nome do MDB nesse caso seria o do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Adalclever Lopes.
Pimentel e o PT mineiro trabalharam até o último momento para arrastar os emedebistas para sua chapa. Tentaram também ter o PSB de Lacerda.
As definições das alianças dos nomes dos candidatos para os cargos majoritários deveriam ter sido apresentados até ontem -- digitalmente -- às 23h59 ao TRE.
O PSDB também aproveitou os últimos momentos para definir com quem tentará voltar ao comando de Minas Gerais. A aliança nacional de Alckmin tende a ser praticamente replicada no Estado.
O partido governou de 2003 a 2014. O atual senador Aécio Neves foi duas vezes governador e Anastasia, uma. Os tucanos foram derrotados em 2014 por Pimentel. Minas se tornou o Estado mais importante sob uma gestão petista.
Anastasia ganhou um aliado importante, com a decisão do DEM de anunciar ontem que desistiu de disputar o governo e que aderiu à campanha tucana. O deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM-MG), abriu mão de sua candidatura para tentar uma vaga no Senado na chapa de Anastasia
A outra vaga, ao Senado na chapa tucana ficou com o ex-deputado estadual (atualmente sem cargo eletivo) Dinis Pinheiro (SD). Aécio, que foi o nome dos tucanos em Minas e no país, virou uma figura discreta. Desistiu de se disputar o Senado e vai tentar se eleger deputado federal.
Se Lacerda não conseguir levar a diante sua candidatura, Pimentel e Anastasia conseguirão o que desejavam desde cedo: uma disputa logo no primeiro turno no segundo maior colégio eleitoral do país, que deve levar a uma definição em Minas Gerais ainda no dia 7 de outubro.
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