PT retarda anúncio do vice, numa história ainda longe do fim, enquanto demais partidos seguem roteiro
Se houve algum suspense nas convenções, foi na execução da estratégia lulista de esticar ao máximo acordada escolha do vice do ex-presidente Lula, tido como “plano B” para o caso de a Justiça cumprir o que está escrito na Lei da Ficha Limpa e torná-lo inelegível por oito anos, devido à condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. É uma operação arriscada, de isolamento do partido, mas que atende aos desígnios do chefe, conhecido por decisões monocráticas que mantêm intacto seu espaço de poder dentro da legenda, a qualquer custo. PT é lugar de fala de Lula, e que ninguém o conteste.
Houve suspense na indicação de Fernando Haddad, no domingo à noite, antes do vencimento do prazo para a montagem de chapas. No banco de reservas, ficou Manuela D’Ávila, que renunciou à candidatura pelo PC do B à espera do desfecho sobre o destino de Lula. Poderá vir afazer dupla com Haddad. Neste caso, surgirá uma chapa puro-sangue de esquerda, fórmula de pouco trânsito junto ao eleitorado. Bem sabe Lula.
A campanha para valer terminou inaugurada com as sabatinas realizadas durante a semana pela GloboNews, em que Alvaro Dias, Ciro Gomes, Marina, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro se apresentaram, numa série de programas de alta e qualificada audiência. Já na quinta, haverá o primeiro debate, na TV Bandeirantes.
As sabatinas serviram para demonstrar que há pontos obscuros a serem esclarecidos, no decorrer da curta campanha, sobre o que cada um pensa fazer diante da gravidade da situação fiscal.
Alckmin, com longa experiência no governo de São Paulo, levou esta bagagem para a entrevista de duas horas. Bolsonaro se esquivou, repassando a responsabilidade para o assessor econômico Paulo Guedes, como tem feito. Ao ficar sem opções na escolha do vice, optou pela caserna e ungiu o general Hamilton Mourão. Para o eleitor já conquistado, é mais do mesmo. Para os demais, a ver.
Alckmin, por sua vez, busca na senadora gaúcha Ana Amélia (PP) se contrapor à entrada de Bolsonaro no Sul do país, em território tucano. Também a esperar. Enquanto Marina Silva se mantém no escaninho dos ambientalistas ao trazer Eduardo Jorge (P V) para sua chapa. Aposta tudo no recall da eleição passada, quando amealhou 20 milhões de votos.
E Ciro Gomes (PDT) buscou temperar seu pendor à esquerda com a agora pedetista Kátia Abreu, de sólido passado ruralista. Ele é a primeira vítima de peso da ação lulista para evitar qualquer surgimento de nome na campanha que ameace o suposto controle que o ex-presidente tem de votos na esquerda.
O fato é que o jogo para valer está começando, sem maiores novidades, pois afigurado outsider se mostrou um devaneio. O eleitorado terá mesmo de escolher entre políticos calejados no ramo. Que por isso mesmo precisam ir além de promessas vagas e simples boas intenções.
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