Por Cristiane Agostine e Rafael Moro Martins* | Valor Econômico
SÃO PAULO E CURITIBA - O PT deve definir o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, como o principal alvo de ataques em debates e na propaganda eleitoral gratuita, que começará no fim do mês. O partido tentará vincular a imagem de Alckmin com a do presidente Michel Temer e colar no tucano a pecha de candidato do governo.
Dirigentes do PT e do PCdoB - que no domingo se uniu aos petistas na disputa presidencial - avaliam que Alckmin tem mais chance de ir para o segundo turno e tentam repetir a polarização entre petistas e tucanos que marcou as últimas eleições presidenciais. O tucano, que se aliou ao Centrão, terá 44% do tempo de televisão e conta com a capilaridade dos partidos aliados nos Estados.
Na avaliação de lideranças dos dois partidos, o presidenciável do PSL, deputado Jair Bolsonaro, deve desidratar nas pesquisas de intenção de voto ao expor suas ideias em debates e entrevistas.
Integrante da Executiva do PT, o deputado federal Paulo Teixeira (SP) afirmou que Alckmin deve ser o alvo do candidato petista. Na mesma linha, a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, reforçou que o tucano é o "candidato do establishment". "Ele representa o governo Temer", disse. O presidenciável Henrique Meirelles, do mesmo MDB de Temer e ex-ministro do governo, não é visto como um candidato viável eleitoralmente pelo PT e PCdoB.
Escolhido como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que a estratégia de campanha do partido irá priorizar o debate sobre economia com PSDB e MDB, "representantes do governo [Michel] Temer".
"Não consigo visualizar o projeto [de Jair] Bolsonaro. Não sei qual é. Mas tenho certeza de qual é o projeto das candidaturas do MDB e do PSDB, que estão alinhados no governo Temer", disse Haddad, em Curitiba, depois de se reunir com Lula na Superintendência Regional da Polícia Federal.
PT e PCdoB defendem um pacto de não-agressão com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes. Lideranças dos dois partidos afirmam ainda que deve haver um acordo com Ciro para usar os discursos nos debates para contestar Alckmin e o governo Temer.
"Embora não tenhamos conseguido compor uma única chapa [com Ciro] contra as candidatura de Meirelles e Alckmin, que representam a continuidade do governo Temer, estaremos juntos no segundo turno e no governo", afirmou Haddad. "Temos o objetivo comum de derrotar esse projeto, que está desconstruindo o país, causando sofrimento para a população mais pobre. Esse projeto não pode continuar, tem que dar origem a um projeto legítimo saído das urnas." (* Para o Valor)
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