Amplo esquema de falcatruas em Brasília na área de TI confirma que a roubalheira ficou sistêmica
Gerente-executivo da Petrobras, Pedro Barusco acumulou US$ 100 milhões em propinas, tendo roubado também no governo de Fernando Henrique Cardoso. Quando lhe perguntaram qual a diferença entre aquele tempo e o do lulopetismo, em que foi apanhado pela Lava-Jato, no governo Dilma, respondeu Barusco, em depoimento no Congresso, que, depois de FH, a corrupção se tornara “sistêmica”.
Talvez por isso, pelo fato de a roubalheira entrar na rotina de governos, tenha passado a funcionar em Brasília um robusto esquema de corrupção, para a venda fraudulenta de produtos e serviços na área de Tecnologia de Informação (TI) a organismos públicos, como revelou O GLOBO.
Um dos operadores no ramo, dono de uma das firmas especializadas nessas falcatruas — superfaturamento de vendas e até mesmo negócios fictícios — , Alexandre Gomes recorreu à aeronáutica para explicar como funciona: “assim como no espaço aéreo, existem faixas de navegação. Se você permanecer abaixo do radar, nunca vai ter problemas”. Ou seja, roubando em negócios menos vultosos, os órgãos de controle nada detectam, ensina o proprietário da AL2 Tecnologia, também professor e doutorando em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB).
Essa mina de vendas na área de TI ao poder público vem sendo garimpada com afinco. O então secretário-executivo do Ministério da Integração, Mário Ramos Ribeiro, por exemplo, se demitiu e denunciou que o ministro Antônio de Pádua acoberta negócios escusos com firmas desse setor.
Pode até ser que o sistema já funcionasse desde que a informática entrou na vida de empresas, governos e pessoas. Mas a dimensão alcançada pela atividade em Brasília é surpreendente.
Dos R$ 4,8 bilhões gastos pelo governo federal, no ano passado, com TI, R$ 3 bilhões destinaram-se a 1.105 firmas instaladas em Brasília, duas vezes mais as existente no estado de São Paulo, o maior PIB do país. Entende-se por que várias empresas sejam fantasmas.
As investigações não podem se resumir à mecânica da corrupção, mas apurar aos detalhes ateia de contato sede apoio político que permite que servidores atuem em ministérios e mesmo empresas públicas protegendo esse e outros esquemas.
As revelações deveriam interessara candidatos a presidente, que montam suas alianças partidárias. O primeiro deles, Geraldo Alckmin, campeão na capacidade de seduzir legendas, tendo conseguido apoio do centrão (DEM, PP, PR, PRB, SD). Algumas dessas legendas e outras costumam atuar em negócios escusos como este. No caso da pastada Integração, o ministro Antônio de Pádua, denunciado pelo ex-secretário executivo é ligado ao senador Jader Barbalho do MDB paraense, também de má fama.
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