Nas ruas e na TV presidenciáveis rejeitam violência
Candidatos seguem script de condenar atentado contra Bolsonaro e propor união; Ciro critica agressão, mas diz que não muda campanha
Adriana Ferraz, Pedro Venceslau, Magson Vagner e Amanda Ludwig, Fabio Serapião e Breno Pires | O Estado de S. Paulo
A retomada das agendas de rua ontem pelos principais candidatos à Presidência seguiu o script desenhado pelas campanhas após o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL): em vez de ataques, propostas para o País e apelos por um esforço conciliatório. Na TV, só Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos) citaram o atentado, além do próprio deputado, que, nos seus oito segundos, veiculou uma mensagem de um apoiador afirmando que o “povo brasileiro caminha unido e em oração por sua vida”.
Alckmin abordou na TV o ataque contra o parlamentar. Ele abriu seu programa para afirmar que “nada justifica a violência” e que o debate das ideias, por mais divergente que elas sejam, é uma exigência da democracia. “Para resolver divergências partidárias existe a política, que é a única arma aceitável para uma disputa eleitoral”, disse ele. Durante compromisso em Santa Catarina, pela manhã, Alckmin ainda afirmou que o Brasil sempre “avança” quando existe um esforço conciliatório.
Dias teve a mesma iniciativa. Usou seu programa eleitoral para fazer um apelo contra a violência na política. “Com ódio ninguém constrói nada.”
Em São Paulo, Marina Silva (Rede) chegou à Rua 25 de Março, no centro da cidade, para fazer uma “caminhada pela paz”. O ato reuniu cerca de 30 militantes do partido, que se misturaram às pessoas que faziam compras na rua mais popular da capital na hora do almoço.
Marina esteve cercada por quatro seguranças, que chegaram a fazer um cordão de isolamento, mas sem impedir qualquer contato com as pessoas que a acompanhavam. “O que vai nos defender contra a violência não é um arma na mão. É o amor e o respeito, independentemente de cor, raça e ideologia.”
Em campanha em Juazeiro do Norte (CE), Ciro Gomes (PDT) disse que não pretende mudar a estratégia de campanha por causa do ataque a Bolsonaro. Ele classificou o fato como “deplorável e repudiável” e disse não ter medo de ir às ruas. “Nós precisamos ir para a rua, abraçar o povo e fazer força para que a disputa política seja uma disputa de ideias e nunca de violência e de prepotência.”
Em seguida, disse que entre ele e Bolsonaro há “diferenças intransponíveis”, mas que não acredita na violência, na arma e na cultura de ódio.
Candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, Fernando Haddad seguiu a mesma linhada adotada por Ciro. Afirmou que “não vai mudar seu discurso por uma circunstância” e que a estratégia do PT, até aqui, não foi a de fazer críticas ao adversário.
Segurança. Ontem, após se reunir com coordenadores de campanha, o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, anunciou o aumento do efetivo policial colocado à disposição das equipes de segurança dos candidatos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário