Ungido, o candidato tem de esclarecer se seguirá de fato políticas que geraram a crise
Devido à tática de protelação aplicada além do limite da responsabilidade pelo PT, para substituir o desde sempre impugnado Lula na chapa do partido, Fernando Haddad, o ungido, precisa apressar-se e esclarecer o que pensa sobre o sério atoleiro fiscal em que o país foi lançado.
Conhece-se o que acha o PT. A partir de declarações de economistas orgânicos, sabe-se que a ideia é taxar “ricos” e “bancos”, sem qualquer maior preocupação com elevados déficits no sistema previdenciário, dos quais se beneficiam bolsões do funcionalismo público, onde há currais petistas de votos. Ainda mais um candidato tutelado, não se imagina que Haddad fugirá a esta cartilha. Mas ele precisa assumir uma posição formal em público.
O petista chega tarde a uma campanha curta, em que os adversários já passaram por sabatinas e participaram de debates. Precisa recuperar o tempo perdido, quanto mais não seja em respeito ao eleitor.
O ponto central da agenda do próximo presidente, seja ele quem for, é o equilíbrio das finanças públicas, para o qual é necessária a reforma da Previdência, a fim de estancar o processo sem controle de crescimento dos gastos primários (exceto juros). Fato positivo é que os principais candidatos não negam a existência do problema.
Pelo o que afirmou na série de sabatinas de vices realizada pela GloboNews, o candidato do PT, disciplinado, deve insistir em heterodoxias, como as que levaram o Brasil à maior recessão da história, de mais de 7% do PIB, no biênio 2015/16, precedida por uma virtual estagnação em 2014 e seguida por dificuldades na retomada do crescimento.
Não passou despercebida a defesa feita por Haddad, na sabatina, da política de “campeões nacionais”, adotada pelo BNDES no governo Dilma. Para a distribuição farta de crédito subsidiado entre grandes empresários próximos ao Planalto, como Joesley Batista e família, do grupo JBS, o Tesouro chegou a transferir meio trilhão de reais para o banco em dinheiro de dívida pública.
Dilma, ao assumir o segundo mandato, tentou fazer um ajuste nas contas públicas, ao trazer Joaquim Levy para seu ministério. Mesmo ela, radical defensora dos gastos sem cuidados, percebera a inviabilidade da perpetuação da política fiscal frouxa que executara, sob as bênçãos de Lula.
A justificativa para a lassidão foi a crise mundial agravada pela quebra em Wall Street do banco de investimento Lehman Brothers, fato que completa dez anos no sábado.
O erro do lulopetismo na manutenção da gastança foi tão grande que, uma década depois, o Brasil ainda patina. Haddad precisa logo se definir na campanha sobre a agenda econômica. Nem que sejá para assumira tutela.
Lula pode ajudar com sua experiência positiva no primeiro mandato, em que foi pelo caminho oposto, e deu certo. Por ideologia, fez a volta e seguiu rumo ao abismo. É preciso saber se Haddad vai na mesma direção, como parece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário