- O Globo
Em sabatina no GLOBO, Ciro criticou Haddad e poupou Lula. Marina preferiu atacar o ex-presidente, a quem chamou de corrupto
O impedimento de Lula vai obrigar quatro em cada dez eleitores a escolher outro candidato. Ciro Gomes sabe disso, e precisa evitar que Fernando Haddad leve todos os votos que ficaram sem dono. É uma missão complicada, porque o ex-presidente deixou cartas e vídeos para turbinar o herdeiro.
Ciro quer desgastar Haddad sem melindrar os órfãos do lulismo. Foi o que ele tentou fazer ontem em sabatina no GLOBO. O pedetista bateu no candidato do PT, mas poupou quem o escolheu. Ele adotou a tática de comparar o rival a Dilma Rousseff, a quem acusou de ter feito um “governo desastrado”. “O Brasil não precisa de um presidente por procuração. O Brasil não aguenta uma outra Dilma”, disse. “O Haddad não conhece o Brasil. Não tem experiência”, prosseguiu.
Na mesma entrevista, Ciro estendeu a bandeira branca a Lula, a quem definiu como amigo de longa data. “Eu o apoiei em todos os momentos desses últimos 16 anos”, afirmou. O pedetista disse que é preciso “relativizar” os erros do ex-presidente, que estaria isolado na cadeia e “cercado de puxa-sacos”. “Se ele estivesse solto, não teria permitido uma série de desatinos que estão sendo promovidos”, argumentou.
Na terça-feira, Marina Silva preferiu atacar Lula. Ela defendeu a condenação do ex-presidente, que a nomeou ministra do Meio Ambiente em 2003. “Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção”, sentenciou. A candidata da Rede também disse que não se arrepende do apoio ao processo que alçou Michel Temer ao poder. “Apoiei o impeachment por convicção. Houve crime de responsabilidade”, afirmou.
A ex-senadora repetiu o discurso de que a reeleição de Dilma teria sido uma “fraude” por causa do uso de caixa dois. Não mencionou as delações da Odebrecht que também ligaram a prática à campanha de Eduardo Campos, de quem foi vice até o acidente aéreo de 2014.
Em queda nas pesquisas, Marina indicou que não está disposta a cortejar o eleitorado lulista para permanecer viva na disputa. Ninguém pode alegar surpresa. Ela já havia escolhido este caminho há quatro anos, quando apoiou Aécio Neves no segundo turno da eleição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário