TAMBÉM HOUVE ATOS A FAVOR DO CANDIDATO, QUE TEVE ALTA VOZES FEMININAS
Mulheres lideram protestos contra Bolsonaro em todos os estados do país
- O Globo
O candidato Jair Bolsonaro (PSL) foi alvo de protestos em 26 estados e no Distrito Federal, sendo os maiores no Rio e em São Paulo, no dia em que teve alta hospitalar. Os passageiros do voo que o trouxe ao Rio se dividiram entre aplausos e vaias. Em 16 estados, foram realizados atos a favor do candidato, embora menos concorridos que os contrários a ele.
Protestos contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foram realizados ontem em dezenas de cidades nos 26 estados e no Distrito Federal. A mobilização das últimas semanas para os protestos foi liderada por movimentos de mulheres, que se organizaram nas redes sociais usando a hashtag #elenão, contra o que consideram posições autoritárias e de misoginia por parte do candidato.
Os maiores atos no Brasil aconteceram na Cinelândia, no Rio, e no Largo da Batata, em São Paulo, que ficaram lotados. As polícias militares dos dois estados não divulgaram uma contagem oficial do número de presentes.
Os protestos, marcados há quinze dias, aconteceram no mesmo dia em que Bolsonaro deixou o hospital Albert Einstein, onde esteve internado por 23 dias após um atentado a faca, em Juiz de Fora. Atos contra Bolsonaro ganharam também adesão de homens e de militantes de outras causas, além do combate ao machismo.
No Rio e em São Paulo, a cor predominante em bandeiras e camisas foi o roxo, identificada com o movimento feminista — a proposta era que os atos fossem suprapartidários. Havia, no entanto, bandeiras de partidos como PT, Rede, PDT, PSOL e PSTU, entre outros.
É no eleitorado feminino que Bolsonaro enfrenta maior resistência. Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira mostrou que sua rejeição entre as mulheres chegou a 52%, e os concorrentes tentam explorar essa fragilidade.
No exterior, também foram contabilizados atos em 66 cidades. A maioria dos adversários de Bolsonaro na eleição aderiu ao movimento nas redes sociais. Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) dedicaram a maior parte de suas publicações na internet ontem a discursos e propostas voltadas para o eleitorado feminino. Marina Silva, da Rede, esteve pessoalmente no Largo da Batata, em São Paulo. A candidata chegou ao ato por volta de 16h, mas não subiu no caminhão de som, e tampouco fez discursos para os manifestantes. Ela classificou sua passagem pelo ato como “autoral”, e não político-partidária. Vice de Fernando Haddad na chapa do PT, Manuela D’Ávila (PCdoB) também participou do protesto em São Paulo.
Na Cinelândia, as mulheres carregavam faixas e cartazes e entoavam palavras de ordem contra Bolsonaro. “Machistas, fascistas não passarão” e “tortura, assassinato, não acabou 64”, em referência à ditadura militar, foram alguns dos gritos recorrentes. Um carro de som ajudava a organizar os manifestantes. Segundo Andrea Macedo, que se identificou como uma das produtoras do ato, toda a estrutura foi custeada por doações, seja de material ou de mão de obra. Aline Rocha e Mônica Lima, do coletivo “Guerreiras”, falaram sobre a adesão ao movimento: —Lutamos contra a invisibilidade e a violência contra o índio. Esse candidato expressa essa violência.
Quando começou a escurecer, a maior parte do público se dirigiu à Praça XV, onde estava montado um palco para apresentações. Artistas que participaram do ato, como a sambista Teresa Cristina, abriram mão de cachê.
Em Salvador, a manifestação ocupou o chamado Corredor da Vitória, e foi puxada por um trio elétrico comandado pela cantora Daniela Mercury. Em Brasília, a Polícia Militar estimou em sete mil o público. Até o início da noite, não haviam sido registrados episódios de violência. Fora do país, houve manifestações em dezenas de cidades. As que concentraram maior número de pessoas foram Nova York, Lisboa, Barcelona, Paris e Berlim. (Luiz Ernesto Magalhães, Renan Rodrigues, Thiago Herdy, Bruno Góes, Patrick Camporez e Henrique Gomes Batista).
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