Robson Bonin | O Globo
Com a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) consolidada nas pesquisas eleitorais, o debate promovido ontem marcou o início do sprint final do pelotão intermediário, que ainda tenta demonstrar fôlego para ameaçar o segundo turno entre o antipetismo bolsonarista e o lulismo que rejeita o ex-capitão. Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) entregaram-se à pancadaria já no primeiro bloco do debate dispostos a desconstruir a polarização e seduzir o eleitorado desiludido com uma possível terceira via.
Na mais recente pesquisa Ibope, divulgada ontem, Bolsonaro segue líder, com 27% das intenções de voto, enquanto Haddad tem 21%. Eles são seguidos à distância por Ciro (12%), Alckmin (8%) e Marina (6%). O levantamento mostra que três em cada dez eleitores admitem deixar de votar no candidato de preferência para votar em outro que tenha condições de evitar que o candidato rejeitado vença a eleição. Foi com esse grupo de eleitores que o trio de presidenciáveis tentou se conectar no debate.
Ciro falou diretamente ao antilulismo, que vota em Bolsonaro para não permitir a volta do PT. Falou também aos antibolsonaristas, que tendem a votar no projeto de poder encarnado por Haddad. O pedetista atacou a “estrutura odienta” de fazer política, criada pelo petismo, que teria gerado a “aberração” Bolsonaro.
Representante dos partidos de centro, Alckmin replicou o discurso empregado na TV em que se apresenta como o único em condições de vencer o PT no segundo turno. O tucano explorou o radicalismo de Bolsonaro e o passado de escândalos de corrupção e grave crise econômica gestada nas administrações petistas.
Já Marina buscou dialogar com o imenso eleitorado feminino, que representa 52% dos eleitores. A ex-ministra tentou desvencilhar-se da figura frágil, mostrando um discurso mais provocativo, quando usou o slogan de Henrique Meirelles para criticar as declarações do vice de Bolsonaro sobre famílias comandadas por mulheres. Quando tem briga numa família, disse Marina, “ninguém chama o Meirelles”, chama uma tia, uma mulher corajosa para colocar ordem na casa e fazer todo mundo conversar.
Com boa parte das falas decoradas pelos candidatos e alguns confrontos previsíveis, o debate serviu de vitrine para a terceira via, mas tornou-se assunto nas redes sociais por um motivo bem menos relevante. As acrobacias de Cabo Daciolo foram citadas internacionalmente no Twitter e terminaram por melhorar o marasmo do evento.
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