quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Voto útil não decola; Ciro e Marina atacam Haddad

Enquanto as mais recentes pesquisas de intenção de voto não indicam a adoção do chamado voto útil pelos eleitores e diante da dificuldade de unir as candidaturas de centro, os presidenciáveis do bloco intermediário decidiram centrar seus ataques em Fernando Haddad (PT), segundo colocado nas sondagens, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com levantamento CNI/Ibope divulgado ontem. Em busca de uma vaga no segundo turno pelo viés da centro-esquerda, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) partiram para o confronto com Haddad no debate promovido ontem por SBT, UOL e Folha de S. Paulo. “Se puder governar sem o PT, eu prefiro”, disse Ciro. “Neste momento, o PT representa uma coisa muito grave porque se transformou numa estrutura de poder odienta que acabou criando o Bolsonaro, essa aberração.” Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos) também criticaram o PT.

Pesquisas indicam cenário estagnado, e candidatos da centro-esquerda travam duelos com petista em debate

Marianna Holanda, Ricardo Galhardo, Daniel Bramatti e Daniel Wetermann | O Estado de S. Paulo

A expectativa de que o chamado voto útil beneficiasse candidatos à Presidência localizados no pelotão abaixo dos dois primeiros colocados – Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) – não se confirmou, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto. O petista e o capitão da reserva são os que possuem os maiores porcentuais de voto convicto, de acordo com levantamento da CNI/Ibope divulgado ontem.

Reflexo dessa situação de estabilidade no topo da corrida presidencial, representantes da centro-esquerda, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), fizeram embates diretos e partiram para o confronto com Haddad no debate promovido pelo SBT, UOL e Folha de S.Paulo.

A pesquisa Ibope contratada pela Confederação Nacional da Indústria mostrou Bolsonaro com 27% das intenções de votos e Haddad com 21%. No pelotão de baixo, Ciro tem 12%, Geraldo Alckmin (PSDB), 8%, e Marina, 6%. Os principais candidatos oscilaram dentro da margem de erro em relação aos números do mesmo instituto divulgados na segunda-feira em pesquisa encomendada pelo Estado e pela TV Globo.

Enquanto Bolsonaro permanece internado se recuperando de uma facada que levou no dia 6 deste mês – e foi citado poucas vezes no debate –, Haddad participou de seu segundo encontro com os presidenciáveis. Desta vez, foi alvo até de adversários do seu campo ideológico.

‘Sem o PT’. Logo no primeiro bloco, Haddad travou embate com Marina, sua colega de Esplanada na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato. Um tentou “responsabilizar” o outro pelo governo do presidente Michel Temer. A candidata lembrou que Haddad foi nesta eleição “pedir bênção” do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apoiou o impeachment. “Quem botou o Temer lá foram vocês. Ele traiu a Dilma e não teria conseguido chegar à Presidência se não fosse a oposição”, rebateu o candidato do PT.

Marina disse ainda que num possível segundo turno entre o petista e Bolsonaro, como indicam as pesquisas, ela não apoiaria nenhum dos dois. Em 2014, a candidata apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).

Ciro, que evitou fazer críticas ao PT durante a campanha, ontem confrontou a legenda. “Se puder governar sem o PT, eu prefiro. O PT representa uma coisa muito grave, porque transformou-se numa estrutura de poder odienta que acabou criando o Bolsonaro, essa aberração.” Vice. Pouco depois, questionado sobre a participação de Lula em um eventual governo, Haddad desviou da pergunta para responder à crítica de Ciro. “Acabo de ver Ciro dizendo que não pretende governar com o PT, mas poucos meses atrás me convidava para ser vice, dizendo que seria a chapa do ‘dream team’. Não é assim que se faz política, demonizando quem não está junto”, afirmou o petista.

Depois do debate, Haddad minimizou os atritos com Ciro e Marina. Segundo ele, os embates não inviabilizam um apoio deles à sua candidatura num segundo turno.

A atuação de Alckmin frustrou os aliados, de acordo com informações do site BR18, do Grupo Estado. Na véspera, ele ouviu de um desses apoiadores: “Ou você parte para cima ou acabou”. Depois do debate, o clima no entorno do ex-governador era de frustração e ceticismo.

Diante dos dados das mais recentes pesquisas, a avaliação entre as campanhas é de que só um fato novo poderá reverter o quadro polarizado entre Bolsonaro e Haddad. Desde o dia 5, a taxa de intenção de voto nulo ou em branco caiu de 21% para 11%, segundo o Ibope, e a de indecisos permaneceu na faixa de 7%. As taxas nessa mesma época em 2014 eram 7% de branco e nulo e 5% de indecisos.

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