Em debate de presidenciáveis na TV, Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos) centraram ataques no candidato Fernando Haddad (PT), para se colocarem como opção ao antipetismo. Jair Bolsonaro (PSL), internado, não compareceu.
ALVO ÚNICO
Com Bolsonaro internado, rivais concentram ataques em Haddad
Dimitrius Dantas | O Globo
SÃO PAULO - A11 dias do primeiro turno, o petista Fernando Haddad foi o principal alvo dos adversários em debate realizado ontem, em São Paulo. Enquanto o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), segue internado em recuperação do atentado sofrido, o ex-prefeito de São Paulo, isolado na segunda colocação, recebeu os mais fortes ataques, justamente de adversários com quem seu partido já teve boas relações, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).
No embate direto com Haddad, Ciro e Marina se distanciaram do antigo aliado e apontaram o PT como responsável pelo crescimento de Bolsonaro e pela chegada do presidente Michel Temer à Presidência. Sem Bolsonaro, oito candidatos participaram do encontro organizado pelo “SBT” em parceria com o jornal “Folha de S.Paulo” e o “UOL”: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), além de Haddad, Ciro e Marina.
Bolsonaro pouco foi citado no debate mas esteve na cabeça dos adversários durante todo o confronto. Ao atacarem o PT, Alckmin, Ciro, Dias e Marina procuraram, na verdade, conquistar eleitores de perfil antipetista, e que estão hoje com o candidato do PSL. As campanhas têm avaliado que grande parte do eleitor de Haddad, herdeiro eleitoral do ex-presidente Lula, está consolidado e dificilmente trocará de candidato.
Terceiro colocado, com 12% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Ciro afirmou que preferiria não governar com o PT, caso eleito. Disse que o partido de Haddad foi responsável pela boa performance nas pesquisas de Bolsonaro, a quem chamou de “aberração”.
—Francamente, se eu puder governar sem o PT, eu preferia. Nesse momento, o PT representa uma coisa muito grave para o país, se transformou nessa estrutura de poder odienta, que criou Bolsonaro —disse Ciro. Haddad rebateu:
— Acabo de ver o Ciro Gomes dizer que não gostaria de governar com o PT. Mas, poucos meses atrás, me convidava para vice-presidente na sua chapa e chamava essa chapa de dream team, o time dos sonhos.
Ao final do debate, indagado se continuará a buscar uma aliança com o pedetista caso chegue ao segundo turno, o petista foi categórico:
—Vou, lógico.
Haddad também foi alvo de ataques ao debater com Marina, com quem travou um duelo sobre a “paternidade” do governo Temer. Primeiro, ela disse que o PT havia colocado Temer na Presidência, ao que Haddad respondeu:
—Quem botou o Temer lá foram vocês [oposição]. O Temer traiu a Dilma e não conseguiria chegar à Presidência se não fosse o apoio da oposição. Você participou desse movimento.
Na tréplica, a ex-senadora relembrou a aliança do PT com Renan Calheiros, também favorável à remoção de Dilma do cargo, em Alagoas:
— É muito engraçado, Haddad, você vir falar do Temer e do impeachment quando foi pedir a bênção do Renan Calheiros. O PT faz discurso dos trabalhadores e se junta com o Temer.
Alvaro Dias também teve confronto com Haddad:
— Em 2007, trabalhei duro para acabar com a CPMF. Agora alega que vai reduzir impostos. O PT é implacável com o pobre, distribui a pobreza —disse.
Do lado dos candidatos antipetistas que também tentam chegar ao segundo turno, Alckmin não teve confronto direto contra Haddad. Na defensiva, o ex-governador sofreu com críticas a pontos fracos de seu governo no estado de São Paulo. E aproveitou as considerações finais para atacar o PT e Bolsonaro:
—O Brasil tem pressa, não pode errar de novo: nem o PT voltar, que é o responsável por isso, nem o candidato da discriminação, que só vai levar à violência. Mais da metade da população não quer nem um, nem outro. Precisamos agora de uma grande reflexão.
Alckmin foi duramente atacando por Boulos, que o chamou de “Cabral que não foi preso”, e ironizado por Meirelles, por problemas no governo de São Paulo:
— Candidato, vamos falar de eficiência. O estado de São Paulo deve finalmente completar a linha 5 do Metrô. O problema é que isso demorou 20 anos.
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