Herdeiro de grave situação deixada por Dilma, presidente monta boa equipe econômica e evita debacle
Na linguagem da luta no campo político-ideológico, os lulopetistas tacharam de “golpe” o impeachment sofrido por Dilma Rousseff, por ela ter descumprido preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal transportados para a Constituição, delitos passíveis de punição com a perda de mandato. Foi o que aconteceu pelo fato de a presidente, com o beneplácito do líder Lula, a cumplicidade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do secretário do Tesouro, Arno Augustin —alquimista de fórmulas para contornar de maneira fraudulenta limites impostos pela LRF —, haver maquiado as contas de gastos da União, permitindo que instituições financeiras públicas financiassem despesas do Tesouro, prática vetada pela Lei de Responsabilidade.
O poder foi transferido ao vice Michel Temer e a seu grupo no MDB, do qual fazia parte o deputado Eduardo Cunha (RJ), que seria preso devido à corrupção, mas que, na condição de presidente da Câmara, aceitou o pedido de impeachment de Dilma e, assim, permitiu a troca na Presidência, determinante para que a grave crise econômica, talvez a maior da história, fosse contida. Pelo estilo aético de fazer política de seu grupo no partido, Temer ficou politicamente inviabilizado, ao ter sugestiva conversa mantida a altas horas nos porões do Palácio do Jaburu com o empresário Joesley Batista (JBS), gravada por este. O assunto era a compra do silêncio de Cunha, preso no segundo semestre de 2016.
Naquele momento, em maio de 2017, havia grandes chances de a estratégica proposta de reforma da Previdência enfrentar com êxito os dois turnos de votação no plenário da Câmara. Divulgado o teor da gravação pelo GLOBO, prova irrefutável de um estilo de fazer política que se tornou hegemônico na Brasília do lulopetismo e aliados, como o MDB, Temer perdeu poder e usou as últimas reservas de força para que a Câmara rejeitasse dois pedidos da Procuradoria-Geral da República para a abertura de processos contra ele no Supremo.
Não se pode, porém, tirar-lhe o mérito de ter montado competente equipe econômica. Devido a ela, a derrota no campo da política não foi capaz de impedir avanços substanciais na economia: se o PIB poderia ter crescido mais não fossem abalos na confiança no governo, a profunda recessão iniciada em fins de 2014 e que, no biênio 2015/16 acumulou um encolhimento da produção de mais de 7%, terminou revertida. Enquanto a inflação, depois de haver voltado aos dois dígitos, com Dilma, em 2015, foi domada e se mantém na faixa da meta de 4,5%, graças a uma política monetária consistente.
E os juros básicos, de 6,5%, jamais foram tão baixos. Bolsonaro recebe uma economia estabilizada, pronta para crescer a taxas mais elevadas, tudo a depender das reformas, a começar pela da Previdência. Ela é essencial para o país começar a digerir a pesada herança do lulopetismo, tão pesada na enorme capacidade de deteriorar as contas públicas que a dívida interna não para de crescer em relação ao PIB. A desarrumação provocada no país pelo segundo governo Lula e pelo período Dilma, de pouco mais de um mandato, entra na história do Brasil como um manual do que não se deve fazer na economia e na política.
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