Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Marcada para maio, a escolha do novo presidente do PSDB ainda está longe do consenso. Indicado pelo governador paulista, João Doria, para presidir o PSDB, o deputado federal Bruno Araújo (PE) deve enfrentar pelo menos uma adversária, a deputada federal em fim de mandato Yeda Crusius (RS).
Governadora do Rio Grande do Sul entre 2007 e 2010, Yeda afirma que sua pretensão não representaria um projeto pessoal de poder. "Fui convencida pelas minhas companheiras depois do sucesso que nós, mulheres, tivemos na eleição de 2018", diz Yeda, presidente do PSDB-Mulher. Em comparação com 2014, a bancada tucana feminina registrou um crescimento de 60%. Nas assembleias legislativas, houve um aumento de 30%.
A ascensão das mulheres do PSDB, observa a deputada, contrasta com o desempenho geral do partido, que perdeu 20 cadeiras na Câmara, além de ter amargado o pior resultado de sua história na corrida presidencial. "Por isso costumo dizer que fizemos uma pequena revolução", afirma Yeda.
A postulação da deputada gaúcha, no entanto, não conta com o respaldo de Doria. De olho na sucessão presidencial de 2022, o governador paulista trabalha abertamente para emplacar um aliado na presidência do PSDB. Araújo desponta como o favorito, pois é um dos representantes da ala jovem conhecida como cabeças-preta, que propõe uma guinada da sigla à direita.
Yeda explicou que iniciará sua campanha a partir de fevereiro, depois da eleição na mesa diretora da Câmara. Até lá, ela pretende acertar agendas com Doria e o atual presidente do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, que ainda não se posicionou sobre a disputa interna.
Depois disso, fará um giro pelo país. A candidatura da deputada pode representar a única alternativa para os tucanos que resistem a Doria, mas não enxergam disposição de outros correligionários em postular o comando partidário.
Os senadores Tasso Jereissati (CE) e Antonio Anastasia (MG), apontados como eventuais candidatos dos cabeças-branca, não demonstram, por ora, o menor interesse na disputa interna. O parlamentar cearense, inclusive, tem dedicado esforços recentemente em costurar o apoio de outros partidos em torno de sua tentativa de presidir o Senado.
Yeda diz que, como presidente do PSDB, vai trabalhar para "pacificar a legenda, restituir a democracia interna e construir um novo programa partidário". "Saímos das urnas dilacerados por questões internas. Não tem outra explicação", conta a deputada, que, em 2018, pela segunda eleição consecutiva, ficou entre os suplentes. O atual mandato veio apenas em 2017, quando o então deputado e correligionário Nelson Marchezan Jr. renunciou ao cargo para assumir a Prefeitura de Porto Alegre.
"A próxima executiva nacional deve dizer claramente que defende a democracia. Ainda mais neste momento em que vivemos uma divisão entre radicais nacionalistas e globalistas", afirma. Em relação ao governo Jair Bolsonaro, Yeda prega uma postura de independência do PSDB, mesmo que muitos tucanos possam eventualmente colaborar ou fazer parte da atual gestão.
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