Sanções americanas estabelecem 29 de abril como data do início do bloqueio de compras de petróleo
À meia noite de 28 de abril termina o prazo estabelecido pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos para que pessoas, empresas e instituições financeiras sob jurisdição americana liquidem ou encerrem todos os negócios com a Venezuela em que estejam direta ou indiretamente envolvidas. O aviso vem sendo repetido desde a decretação das sanções, no final de janeiro. O período de 90 dias de transição foi fixado para evitar prejuízos na miríade de contratos que já estavam fechados.
Significa que a partir da segunda-feira, 29 de abril, começa a principal etapa da asfixia financeira à ditadura chefiada por Nicolás Maduro. Em janeiro foram congelados US$ 7 bilhões em ativos da petroleira PDVSA e da sua filial americana, a Citgo. Agora serão bloqueadas importações de petróleo em valor aproximado de US$ 11 bilhões e quantia similar em operações financeiras diversas, incluindo o seguro de navios fretados. A União Europeia, também, “retirou nossas garantias de segurança” — confirmou a chancelaria venezuelana na sexta-feira.
Essas sanções têm potencial de corrosão política só comparável às aplicadas recentemente ao Irã, que forçaram os aiatolás a negociar um acordo de desarmamento nuclear com o governo Barack Obama. Seus efeitos tendem a ser mais drásticos, porque até janeiro a Venezuela supria 7% do consumo total de petróleo do mercado americano —e os EUA eram seus únicos clientes que pagavam as compras em dinheiro.
China e Rússia recebem óleo em pagamento de dívidas antigas, estimadas em US$ 80 bilhões. Com esparsas doações de pequenas quantidades de gasolina, têm demonstrado um claro desinteresse em sustentar financeiramente a cleptocracia venezuelana, cujo poder se esvai na esteira do colapso institucional.
Maduro está na situação de um piloto de avião sem combustível. A queda é tão inevitável quanto imprevisível. Poderá ser precipitada por episódios de violência, seja no retorno a Caracas nesta semana do líder oposicionista Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, ou em ações tresloucadas de aliados enviados a países vizinhos.
Ameaças terroristas já foram detectadas por governos da região e confirmadas pelo próprio Guaidó em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na última quinta-feira. Haviam sido denunciadas por Hugo Carvajal, deputado chavista dissidente, que chefiou o Serviço de Contra-Inteligência das Forças Armadas por quase uma década (de 2004 a 2013) sob Hugo Chávez e Maduro.
Não há cenário suave para o desfecho. Na melhor hipótese, cada vez mais remota, ocorreria a saída pacífica de Maduro e do seu condomínio civil-militar hoje no poder. No legado chavista haverá um país a ser reconstruído, com nível de pobreza triplicado; destruição de 66% das empresas; inflação astronômica; êxodo de 10% da população; recorde de criminalidade, e três milhões de vítimas da falência do sistema médico-hospitalar — entre outros aspectos dessa aventura política irresponsável que a esquerda latino-americana patrocinou e festejou sob o rótulo de “Socialismo do Século XXI”.
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