- Folha de S. Paulo
Em meio à disputa de poder, superministro defenderá a reforma da Previdência?
Como cobrir o governo Bolsonaro? As mudanças se sucedem com tal velocidade que agora vale o contrário de horas atrás, e a discussão desaparece como espuma. A ponderação sobre correto ou incorreto perde sentido por si. O nada sobreleva.
A Educação é o exemplo mais bem acabado. Por que debater as políticas do ministério? Tudo o que é do MEC desmancha no ar. Lembrar o nome do ministro já configura exercício de memória. É Vélez Rodríguez, aquele que ocupou o lugar que numa tarde de novembro foi de Mozart Ramos —hoje tudo isso seria só rodapé de confusão.
Na noite de terça (26), os 15 primeiros textos da home page da Folha enfocavam alguma disputa de poder. Nada que fosse a criação de qualquer política pública central.
São coisas da mesma estirpe do risca-faca no MEC: a votação pelo mando do Orçamento, o enterro da CPI da Lava Toga, a enésima polêmica sobre as indenizações da ditadura, a localização da embaixada brasileira em Israel, os afagos entre Olavo e Santos Cruz.
A dúvida sobre como cobrir o Twitter do presidente envelheceu 30 anos em três meses. Ele próprio já vai apagando o que escreveu. Até a confusão sobre a confusão interessa ao bolsonarismo.
Enquanto isso, no mundo real, a questão da Previdência na terça resumiu-me em duas telas do site do Valor que circularam pelo WhatsApp. Lia-se numa: “Líder do governo diz que ausência de Guedes na CCJ foi um erro”; noutra, “Líder do governo no Congresso diz que falta de Guedes foi estratégia”. Não houve erro do jornal; eram líderes diferentes.
Guedes é o último fusível da Esplanada. Até esta quarta (27), quando apareceu no Senado, o superministro atuou embaixo da cama. Ficar contra a reforma da Previdência é coisa de louco, mas o mundo está cheio deles. Ou Guedes defende sua proposta ou a anestesia do bolsonarismo tomará o corpo do debate público. Veneno pior não há.
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