Presidente insinua ser alvo de impeachment mas Congresso só toma rédea das pautas de governo
O presidente Jair Bolsonaro insinuou que sua sentença de morte está pronta no Congresso. Começou dizendo que a pressão contra o bloqueio de verbas foi uma tentativa de fazê-lo incorrer em um crime de responsabilidade.
Depois, seu filho Carlos conseguiu ver um golpe na medida provisória que mudou a estrutura dos ministérios e pode caducar.
Bolsonaro terminou a semana endossando um texto que defende a tese de um país “ingovernável” sem conchavos. Parlamentares leram a mensagem como um atestado de incompetência ou um apelo para que seus “eleitores-raiz” sigam para as ruas em defesa de seu governo.
Se existe uma arma contra Bolsonaro no Congresso, é a investigação do Ministério Público do Rio sobre o suposto envolvimento de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, uma espécie de faz-tudo da família, e milícias.
Uma saída seria Bolsonaro indicar o próximo Procurador-Geral da República. Mas isso só ocorrerá em setembro. Até lá, ele tende a continuar nessa agonia pública.
Lideranças partidárias consideram que o presidente criminalizou a política e, portanto, qualquer conversa agora pareceria toma lá dá cá. Fazem o feiticeiro provar de seu feitiço.
Em tempo recorde, o presidente conseguiu o impensável: manifestações pelo país, uma bandeira para o engajamento da oposição, e o descrédito do mercado com a alta do dólar e a queda da Bolsa.
O país flerta com a recessão ou a depressão. Tanto faz. Nem sua mais promissora medida, a reforma da Previdência, serve mais de alento porque não trará empregos.
Existem hoje travas contra o impeachment. Ninguém sabe direito quem é o vice, o general Hamilton Mourão, e levar o processo adiante agravaria a pasmaceira econômica.
O Congresso preferiu tomar as rédeas do governo, se apoderando das agendas importantes, em uma espécie de parlamentarismo forçado. Mas a política é como um rio. Sempre flui para o mesmo lado. Nunca com a mesma água.
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