- O Globo
A percentagem de brasileiros que achar que o governo está sendo ‘bom ou ótimo’ vive numa realidade alternativa
A próxima pesquisa de popularidade sobre Bolsonaro será de enorme importância para a física quântica. Pois vai provar a existência de universos paralelos.
A percentagem de brasileiros que achar que o governo está sendo “bom ou ótimo” vive numa realidade alternativa, em dimensões que não compreendemos.
Nessa outra realidade, cortar as verbas das universidades é o que vai melhorar a educação. Colocar armas nas mãos das pessoas vai diminuir a violência. Demonizar a imprensa e a cultura vai ajudar o país.
Para o resto de nós, idiotas úteis, que não passamos pelo buraco da minhoca e continuamos neste universo normal de cá, as conclusões são inversas.
Dizer que o atual governo é desastroso seria uma injustiça com os desastres. Um elefante bêbado entrando de patins numa loja de cristais teria um desempenho melhor.
E o “olavismo”? “Olavismo”! O que significa isso, alguém consegue me explicar? Como pensa um olavista? Quando que ser o “guru intelectual” de uma pessoa como Bolsonaro passou a significar alguma coisa?
Damares é um capítulo à parte. Jesus deve estar morrendo de vergonha alheia, lá na goiabeira. Em termos de vexame mundial, é como se a delegação brasileira na ONU fizesse o quadradinho diante da Assembleia Geral.
Enquanto isso, cadê a oposição? Discutindo o final de “Game of Thrones”, imagino, pois anda tão sumida que o governo ocupou o espaço e passou a se opor a ele mesmo — enfim obtendo algum sucesso.
Como numa novela mexicana, a vingança é a única motivação. Destroem o apoio às artes, porque os artistas não votaram no presidente. Retiram radares de velocidade, porque a família do presidente leva muita multa. Acabam com uma reserva ecológica, porque o presidente tomou uma multa por pescar ali perto. Tiram um comercial do ar, porque celebrava a diversidade, e o presidente não suporta gente diferente.
As morenas flamenguistas que se cuidem, pois o presidente é Botafogo e prefere as loiras.
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