Líderes partidários não têm consenso sobre incluir estados e municípios na proposta
Daniel Carvalho / Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Às vésperas da apresentação do parecer com alterações na proposta da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu na noite deste domingo (9) líderes partidários e o relator da comissão especial, Samuel Moreira (PSDB-SP) para ajustes finais.
Compareceram líderes de nove partidos (PRB, PSC, Patriota, PSDB, PL [ex-PR], DEM, PP, MDB e PTB), mas nenhum das siglas que costumam votar com governo, como PSL e Novo. Os líderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), não haviam aparecido até a publicação deste texto.
O presidente da comissão especial que analisa a proposta, Marcelo Ramos (PL-AM), também não compareceu. Alegou ter uma audiência pública sobre Previdência na manhã desta segunda-feira (10), no Maranhão.
O encontro foi convocado para que Moreira apresente uma versão mais acabada de seu relatório aos líderes e para a discussão de pontos que ainda geram polêmica e podem ser alterados. Entre eles, vinculação ou não da pensão por morte ao salário mínimo e regras do abono salarial e de transição para quem já está próximo de se aposentar.
Mas o principal impasse é político e não há consenso: a inclusão de estados e municípios no texto da reforma que será apresentado no início da semana.
Governadores e prefeitos não querem ter que fazer alterações em seus redutos, mas deputados também não desejam arcar sozinhos com o ônus político de alterar as regras para servidores estaduais e municipais.
O líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), chegou à reunião na residência oficial da Presidência da Casa cobrando que os governadores revertam o apoio à reforma em votos.
"Fica muito difícil explicar um governador que é a favor da reforma, mas que a base dele vota contra. Definido o texto, o fundamental é traduzir este desejo que os governadores estão externando em votos", disse Ribeiro.
Já o líder do PL (ex-PR), Wellington Roberto (PB), defendeu na chegada que assembleias legislativas e câmaras de vereadores definam as próprias regras, compartilhando o ônus político.
"Os governadores têm de fazer a parte deles. Todo mundo tem de ter o ônus e o bônus. As assembleias têm de fazer o seu papel junto com o governo do estado", disse o deputado.
Samuel Moreira passou todo o fim de semana reunido com consultores legislativos e técnicos do Ministério da Economia.
Segundo o vice-presidente da comissão, Sílvio Costa Filho (PRB-PE), disse que o relatório de Moreira deve ser apresentado na terça-feira (11), após a reunião com governadores, em Brasília.
Além de Moreira, Costa, Filho, Aguinaldo e Wellington Roberto, foram ao encontro o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, o secretário adjunto, Bruno Bianco, o presidente do PRB, Marcos Pereira (SP), e os líderes do PRB, Jhonatan de Jesus (RR), do PSC, André Ferreira (PE), do Patriota, Fred Costa (MG), do PSDB, Carlos Sampaio (SP), do DEM, Elmar Nascimento (BA), do PP, Arthur Lira (AL), e do MDB, Baleia Rossi (MDB), do PTB, Pedro Lucas Fernandes (MA).
Os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e André Fufuca (PP-MA) também participaram da reunião.
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