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Missão arriscada
Não brinque com paraquedista. Uma pessoa capaz de pular de um avião em grande altura agarrado a uma espécie de balão de naylon que se não abrir ela morre, merece a admiração de quem jamais ousaria arriscar a tal ponto a própria vida. Por sua coragem, uma pessoa assim deve ser temida.
Com a demissão, ontem, do general Carlos Alberto de Santos Cruz, ministro da Secretaria do Governo, e sua substituição pelo general Luiz Eduardo Ramos, que chefia o Comando Militar do Sudeste, o primeiro escalão do governo do presidente Jair Bolsonaro ganha seu terceiro paraquedista, dois com assento no Palácio do Planalto.
Bolsonaro é o mais conhecido, embora não o mais graduado dos três. Não passou de capitão. Foi afastado do Exército por indisciplina e conduta antiética. O outro paraquedista é o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa. Luiz Eduardo Ramos é general da ativa, o segundo com cargo no governo.
O primeiro foi o atual porta-voz da presidência da República, general Otávio Santana do Rêgo Barros. Mas ele é um general de Divisão com três estrelas nos ombros. Fernando Azevedo e Silva é general do Exército com quatro estrelas. E com outra vantagem: dos três, é o mais amigo de Bolsonaro que o chama de “meu ptibull”.
Dentro do Alto Comando do Exército, no ano passado, ninguém trabalhou mais pela eleição de Bolsonaro do que Fernando Azevedo e Silva. Depois da facada em Juiz de Fora, o general visitou Bolsonaro várias vezes no hospital Alberto Einstein, em São Paulo, e depois em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio.
A vida do novo ministro é pontuada por boas histórias. Adido militar em Israel, precisava se enturmar. Então decorou o Hino de Israel e aprendeu a cantá-lo em hebraico. Quando o fez pela primeira vez, encantou os israelenses e as portas se lhe abriram. Passou a ser convidado para todas as cerimônias oficiais.
Foi menos agradável a sua estadia na Sérvia, onde serviu nas das Forças de Paz da ONU. Ali, em Kosovo, sua tarefa era contar o número de bombas lançadas sobre a cidade durante a guerra. Naturalmente que não o fazia pessoalmente. Tinha soldados sob seu comando encarregados de contar. Mas a responsabilidade era dele.
Uma vez que tome posse do novo cargo, o tipo de encrenca que será obrigado a enfrentar testará todas as habilidades que adquiriu em combate. Nada mais efêmero do que o poder político. E nada também mais perigoso, mesmo que para um paraquedista. De tão amigo de Bolsonaro, Santos Cruz só o tratava de “você”.
O general demitido caiu porque Bolsonaro acreditou que ele fizera comentários desabonadores a seu respeito nas redes sociais. Pura intriga. Mas de nada adiantou Santos Cruz desmenti-la. O que de fato o ejetou da cadeira foi a oposição ao seu nome movida pelos filhos do capitão e por Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro.
Santos Cruz mandava na comunicação do governo. Por questão ideológica e financeira, os garotos e Olavo sempre quiseram mandar. Venceram a parada. E agora vão querer usufruir do butim. Resta saber como se comportará o paraquedista Fernando Azevedo e Silva diante de tamanho desafio. Boa sorte!
Perigo de morte para Moro
Em sobressalto
Quem conhece bem as entranhas da Lava Jato diz que o maior perigo que corre o ex-juiz Sérgio Moro é o de ter reveladas as mensagens que trocou com a juíza federal Gabriela Hardt e com o desembargador João Pedro Gebran Neto.
Hardt sucedeu a Moro em Curitiba no comando da Lava Jato. Gebran Neto, desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, foi ali o relator do processo que condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá.
De tão afinada com Moro, a juíza já foi acusada de ter copiado em sentença que deu parte de uma sentença dada por Moro em outro processo. O desembargador sempre foi mais do que parceiro, amigo, camarada de Moro, reforçando suas decisões.
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