- Folha de S. Paulo
Presidente lançou candidatura do ex-juiz para 2022 ao ampliar choque com Lava Jato
Sempre que pode, Sergio Moro nega ter qualquer pretensão eleitoral imediata. Em entrevista recente, disse que “é claro” que Jair Bolsonaro será candidato à reeleição. “Seria impróprio pensar diferente”, afirmou. A última semana, no entanto, deixou mais evidente que o presidente e o ministro já fazem parte de projetos políticos distintos.
A reação do eleitorado bolsonarista à escolha do novo procurador-geral da República afastou os trilhos em que correm os dois personagens. Sem calcular, o presidente lançou, na prática, a candidatura do ex-juiz.
“Tem uns 20% pelo menos no Facebook falando que acabou a última esperança deles, que não vota mais em ninguém ou que vai votar no Moro em 2022”, declarou Bolsonaro, em sua última transmissão ao vivo.
O presidente passou recibo. Reconheceu que Moro, em alguns segmentos, deixa de ser visto como um complemento a sua gestão e passa a ser observado como uma alternativa. De quebra, ainda admitiu que essa separação representa um risco.
A distância pode se tornar insuperável se uma fatia gorda do eleitorado de Bolsonaro em 2018 mantiver a percepção de que ele sabota o combate à corrupção e a Lava Jato. Após as críticas à indicação de Augusto Aras para a PGR, o caldo vai entornar se o presidente mexer no comando da Polícia Federal.
Moro já tem mais força que Bolsonaro. Há mais gente que aprova o trabalho do ministro e não aprova o presidente do que o contrário.
A pesquisa Datafolha mostra que o ex-juiz tem apoio sólido (54%) até no grupo de entrevistados que consideram o governo regular. Sejam bolsonaristas desiludidos ou indiferentes, eles podem enxergar no ministro uma luz política própria.
A tentativa de Marcelo Crivella de censurar uma obra com um beijo gay é uma daquelas aberrações do poder. De tanto ouvir que é um mau prefeito, o bispo parece ter desistido de administrar a cidade e decidiu se candidatar ao papel de tirano.
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