segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Ricardo Noblat - E assim se passa 1 ano da eleição de Bolsonaro

- Blog do Noblat | Veja

O que virá?
A uma semana de sua eleição completar um ano, em périplo pela Ásia que começa com uma visita ao Japão, o presidente Jair Bolsonaro haverá de se lembrar (ou alguém fará isso por ele) de uma de suas primeiras declarações feita sob o calor da vitória:

– Quero que ele mofe na cadeia.

Referia-se a Lula, àquela altura encarcerado em Curitiba há quase 7 meses. Lula está com um pé fora da cadeia. Avançará o outro se o Supremo Tribunal Federal, esta semana, restabelecer a prisão só depois que a sentença transitar em julgado.

É o que prevê a Constituição e o que, por aqui, deixou de valer desde que foi permitido à segunda instância da Justiça prender quem ela condenasse. Daqui a mais um mês, caso o Supremo venha a anular sua condenação, Lula deixará de ser ficha suja.

Com a ficha limpa, poderá sair por aí na condição de candidato à sucessão de Bolsonaro, o que para o ex-capitão não será nenhum incômodo. O contrário. Bolsonaro precisa de Lula para se reeleger. E Lula de Bolsonaro para governar o país pela terceira vez.

E tudo isso terá se passado antes mesmo de um ano da posse do presidente eleito em 28 de outubro de 2018. Foi outro dia! Com apenas 10 meses de governo, Bolsonaro perdeu o controle sobre o partido pelo qual foi eleito, o nono de sua carreira.

A Lava Jato está nos seus estertores. Gorou o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro. A reforma da Previdência ainda se arrasta no Congresso. Flávio “Zero Um” Bolsonaro virou refém da Justiça que suspendeu por ora a investigação dos seus rolos fiscais.

Eduardo “Zero Três” Bolsonaro é chamado de “moleque mimado” por antigos parceiros depois de derrotado por um delegado de polícia na disputa pelo cargo de líder do PSL na Câmara dos Deputados. Quanto ao sonho de ser embaixador em Washington…

Os militares apoiaram a eleição de Bolsonaro com a pretensão de tutelá-lo mais tarde. Uma vez que não querem abrir mão dos bons salários que complementam suas aposentadorias, parecem conformados em ser tutelados pelo ex-capitão. Selva!

Havia um vice-presidente da República disposto a ser sensato em contraponto a um presidente insano. Muita gente aqui e lá fora o escutava com admiração.
Foi abatido por Carlos “Zero Dois” Bolsonaro com meia dúzia de mensagens postadas no Twitter.

Onde anda o presidente da maior potência mundial, cortejado pelos Bolsonaros, e que prometera ao chefe do clã uma vaga para o Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), uma espécie de clube dos países mais ricos?

Donald Trump deu a vaga para a Argentina. Depois lembrou que havia uma fila e que o Brasil terá de respeitá-la. Sem poder passar recibo da frustração, o governo brasileiro foi forçado a avalizar a desculpa e a dar razão a Trump. Vexame!

Com o vexame, Bolsonaro deveria aprender que política externa obedece unicamente a interesses econômicos de Estados. Nada a ver com ideologia, religião, muito menos relações pessoais. Se duvida, pergunte aos curdos, largados de mão por Trump.

Sim, Bolsonaro poderá celebrar os sinais de recuperação da Economia e a paralisia da oposição. Se a ele falta um projeto para o país, à oposição também. Mas é Bolsonaro quem governa. E, embora, muito loquaz, o líder da oposição ainda está preso.


Moro, a pedra no caminho do capitão

Como Brasília leu a pesquisa VEJA-FSB
A função das pesquisas de intenção de voto, ainda mais a três anos da próxima eleição presidencial, é causar impressões e provocar ensaios de movimentos políticos.

A pesquisa VEJA-FSB foi lida assim no último fim de semana por gente experiente no Congresso, no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios:

+ Apesar da perda de popularidade registrada em outras pesquisas, e do desgaste de um começo de governo marcado por sucessivas crises, Bolsonaro aparece bem em simulações de cenários do primeiro e do segundo turno;

+ Mesmo preso, Lula revela-se um candidato competitivo a ponto de ter tido seu nome pesquisado e estampar a capa da revista;

+ Para quem se nega a admitir que possa vir a ser candidato, o apresentador Luciano Huck despontou como um nome capaz de atrair o apoio da centro direita ou de parte expressiva dela:

+ A pesquisa foi péssima para o governador João Doria (PSDB), de São Paulo, que não chegou a obter 5% das intenções de voto;

+ Sérgio Moro foi o que mais ganhou com a pesquisa. Venceria qualquer adversário se a eleição fosse hoje. Por isso mesmo, Bolsonaro deverá indicá-lo para ministro do Supremo.

As informações são do TAG Reporter, relatório semanal das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros.

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